segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

VIDA E OBRA DE TRANQUILINO BASTOS SERÃO RESGATADAS EM LIVRO

O Diário Oficial do Estado da Bahia publicou em  22 de dezembro último, reportagem anunciando  o lançamento, no próximo semestre, do livro "O Semeador de Orquestras - História de um maestro abolicionista", que vai apresentar a vida e a obra do maestro cachoeirano Manoel Tranquilino Bastos. O livro é de autoria do editor deste "blog".

(clique nas imagens para facilitar a leitura)


O lançamento está previsto para acontecer em  abril e  ocorrerá em duas oportunidades: em Salvador e em Cachoeira.

domingo, 19 de dezembro de 2010

HISTÓRIA DE UM PRESÉPIO INICIADO EM CACHOEIRA

Presépio armado por D. Gisélia Ramos, em Cachoeira (1955) 
(Arquivo da família)
O Blog do Rio Vermelho, criado e mantido pela jornalista Carmela Talento, destacou entre as suas reportagens publicadas recentemente a história do Presépio da família Ramos, que começou a ser montado em Cachoeira pela primeira vez no ano de 1955.  Era uma criação de D. Gisélia,  seu esposo o Sr. Souza Ramos e toda a família,  que moravam no sobrado nº 41 da Rua 13 de Maio. A tradição do presépio foi mantida ao longo dos anos e chegou aos dias atuais, sendo montado atualmente no bairro do Rio Vermelho em Salvador. Com ela, renasce a cada ano todo o significado presente na livre recriação de um momento especial da história da humanidade. Em torno do presépio reunem-se as famílias, amigos e a comunidade. E não só para admirar a  beleza, criatividade ou engenhosidade, mas sobretudo para um momento de reflexão acerca da magia do Natal, com suas festivas cores e alegria, o espírito de solidariedade e tudo o mais que ele emblematicamente  representa: a esperança de que as pessoas  exercitem o  amor ao próximo e o mundo conquiste a PAZ !.  

Confiram o "post" do Blog do Rio Vermelho:

PRESÉPIO DA FAMÍLIA RAMOS, BONITO DE SE VER ".

Um dos mais bonitos presépios montados em casa é sem dúvida o de Jorginho Ramos, jornalista, morador do Rio Vermelho, responsável em dar seguimento à tradição da família há 55 anos. Confira abaixo a história desse presépio contada pelo próprio Jorginho.



"O presépio é uma tradição da família Ramos há 55 anos. A minha mãe armou a primeira vez em 1955, ano em que nasci, em Cachoeira. Na ampla sala de um sobrado colonial o presépio era armado por toda a família. Era uma festa e recebíamos em casa centenas de visitantes. Era um ritual.

Na década de 90 quando minha mãe ficou doente e impossibilitada fisicamente, resolvi manter a tradição e montava um presépio menor em meu apartamento. Com o tempo ele foi crescendo e adquirindo peças e mais peças, inclusive presépios pequenos feitos em madeira, palha, vidro, barro, louça, fibra e todo tipo de material. Os amigos se encarregaram de trazer mais e mais presépios de toda parte do mundo. Hoje existem nele, presépios e elementos de mais de 10 países, entre os quais Angola, Portugal, Espanha, Croácia, Itália, Chile, Argentina, Israel. E mais, presépios de toda parte do Brasil e nos mais diversos formatos. São quase cinquenta presépios , que com a centena de outros elementos (miniaturas de animais, objetos e de pessoas principalmente...) formam um vasto e amplo painel, com paisagens brasileiras. Tem até uma miniatura em chumbo de Machado de Assis, que coloco visitando um dos presépios. Certamente, o bruxo de nossas letras estava inspirado no ambiente natalino ao escrever o clássico Missa do Galo, um dos grandes momentos de nossa literatura.

Além disso desenvolvi uma tecnologia própria , com prateleiras leves e módulos ajustáveis que se encaixam facilmente e não precisam de furos na parede para se sustentarem. Elas sustentam umas às outras e são montadas já com uma iluminação cênica nos seis andares do presépio (cada uma de uma cor). A montagem do presépio dura em média duas semanas e a cada ano há sempre novidades. A renovação é uma das marcas desse presépio que é armado por toda a família.

Também fazemos casinhas de papelão e peças de artesanato que são utilizadas na recriação de ambientes. Acho importante manter essa tradição porque ela agrega não só a família, mas parentes e amigos que vêm visitá-lo. E a representação do nascimento de Cristo é uma autentica tradição luso-brasileira , ligada à cultura e à nossa formação religiosa, que precisa ser resgatada. Do presépio original restam três peças (biscuits)."

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

FUNDAÇÃO HANSEN BAHIA REINAUGURA SEDE EM CACHOEIRA

AVISO : É livre a transcrição dos textos e gravuras. Pede-se que,  por honestidade, seja citada a origem.  

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Este blog recebeu e reproduz abaixo CONVITE da Fundação Hansen Bahia  para a  reinauguração, na sexta-feira (17 de dezembro ), de sua sede, na Rua 13 de Maio, em Cachoeira. 

(clique na imagem para facilitar a leitura) 


Com a reforma de suas instalações a Fundação Hansen Bahia irá retomar e ampliar suas atividades culturais na cidade com eventos, cursos  e exposições,  dando assim continuidade ao sonho desse artista alemão que amava a cidade de Cachoeira e legou para ela  grande parte de todo o acervo de sua criativa existência. Hansen expressou em sua obra  toda a dimensão humana e registrou com maestria através do entalhe da xilogravura aspectos culturais, sociais e antropológicos, captados com sua sensibilidade rara ao longo de sua existência. Revelou-se o maior artista desse gênero e  suas obras espalham-se  por  dezenas de museus mundo afora. Hansen adotou o Bahia ao seu sobrenome pelo amor desmedido à essa terra e passou os últimos anos de sua vida em Cachoeira e São Félix.

Jorge Amado, de quem foi amigo dileto, assim o definiu : "Feliz terra é a Bahia, feliz como uma dessas mulheres de beleza definitiva  que tem imediatamente a seus pés os homens. Que dizer do gravador ? Assim, humildemente,  reduzo-me a dizer  que suas gravuras me comoveram profundamentee é o poder de comover a marca do artista, a medida do artista".

Sede foi reformada e volta a abrigar atividades culturais 



Puxada de Rede, uma das xilogravuras de Hansen Bahia

Quem foi :     Nascido na Alemanha em 1915, Karl Heinz Hansen foi marinheiro e lutou como soldado na II Guerra Mundial onde, nas horas de folga, começa  a pintar para aliviar o drama de estar envolvido na carnificina que o horrorizava. Após o conflito, trabalha em artes gráficas  e produz suas primeiras xilogravuras, expondo em Estocolmo, na Suécia. Trabalha com cinema e e faz roteiros para filmes anti-bélicos e livros para crianças , para lhes mostrar os horrores da guerra. Em 1951 migra para o Brasil,  onde leciona e faz exposições  de sua s xilogravuras no Museu de Arte de São Paulo. Suas obras logo adquirem grande conceito e ele torna-se um artista conhecido no mundo das artes. Em 1955 apaixona-se pela Bahia e muda para cá onde se torna um dos destaques da geração de ouro de artistas e intelectuais, que reunia também Jorge Amado, Calazans Neto, Pierre Verger, Carybé, Carlos Bastos, Jenner Augusto  e Genaro de Carvalho,   além de muitos outros nomes. Suas obras ganham dimensão internacional e passa expor e ter obras no acervo fixo de museus da Alemanha, Suíca, Bélgica, Estados Unidos, Portugal, França, Holanda, Suécia, Áustria e outros países. É nessa década que adota o sobrenome "Bahia" para expressar a gratidão pela terra que adotou e foi adotado  ("Tudo o que sei e sou, devo à Bahia", costumava repetir) e também lhe serviu de inspiração. 

Aqui retrata o universo dos mercados e feiras livres, das putas e cabarés, erecria com sua sensibilidade as imagens dos navios negreiros, dos pescadores e trabalhadores do cais, dos retirantes da seca, das pensões  baratas e dos rituais  religiosos do candomblé e de cerimônias católicas, como os atos da agonia de Cristo na "Via Crucis", entre outros temas.

Nos anos 70, Hansen muda-se para São Félix,  de onde segundo ele podia apreciar a beleza de Cachoeira e do Vale do Paraguaçu, paisagem que o encantou a  ponto de deixar para a cidade o conjunto de sua obra.  Morre em 1978. 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MONTE: UMA DEVOÇÃO DE QUASE TREZENTOS ANOS EM CACHOEIRA

No desenho de Tom Maia, a graciosidade da Igreja do Monte

A comunidade católica de Cachoeira celebra com novenário e festejos solenes - no dia 8 de Dezembro - a festa em louvor a Nossa Senhora da Conceição do Monte. Trata-se de uma das mais antigas devoções da cidade, havendo registros  de que a festa já era realizada no Século XVIII, mais exatamente em 1746 , ou seja há pelo  menos 264 anos. O seu templo,  num dos locais mais aprazíveis da cidade,  é um dos monumentos mais expressivos da arquitetura colonial de Cachoeira. Nele, coexistiram a própria Irmandade  da Conceição do Monte e  também as devoções a São Benedito - responsável pela Banda Marcial, uma das primeiras filarmônicas de Cachoeira - e a Santa Cecília, existente até hoje. Foi na sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte que em 1870 o músico Tranquilino Bastos criou a segunda filarmônica mais antiga da Bahia, a Sociedade Cultural Orpheica Lyra Ceciliana.

Sobre o templo, Aristides Milton  (1848-1904) no clássico "Ephemerides Cachoeiranas" revela que "... em 1746 ficou prompta a Casa de Oração, que alguns devotos levantaram no logar conhecido como Monte e foi consagrada à Conceição de Nossa Senhora. O capitão José Gonçalves Fiúsa edificou depois, no dicto sítiouma Capella de que fez doaçãoà mesma Virgem,  no anno de 1874. Debaixo da administração de Manuel Freire de Almeida, entretanto,  novas obras foram iniciadas para aformosear esse templo, que em 1796  estavam quasi concluídas. Mas, ao  devoto Antonio José Bellas coube a fortuna de pôr-lhes o devido remate.
Contudo, só em 1846 se poude construir a torre da mesma egreja, graças ao zelo dos mezarios da respectiva irmandade, dentre os quais muito salientou-se o capitão José Antonio Dantas, fallecido em 1893 na villa de São Gonçalo dos Campos."     

Em 1866 o cachoeirano Epiphânio Meirelles (1833-1872),  que era subdelegado  e um profundo conhecedor e pesquisador da história de Cachoeira,  escreveu um resumo histórico sobre a cidade,  a pedido de Alexandre José de Mello Moraes  (1816-1882), que o incluiu em seu livro Brasil Histórico. Nesse documento, cujos originais estão na Biblioteca Nacional (RJ), Epiphânio  Meirelles descreve,  entre outros monumentos, a Igreja do Monte:

Obs: É LIVRE A TRANSCRIÇÃO DESDE QUE SEJA CITADA A FONTE

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CINQUENTA ANOS DA MORTE DE AUGUSTO PÚBLIO

A morte de Augusto Públio Pereira há 50 anos representou para Cachoeira o fim de uma era, marcada pela intensa disputa política regional entre o PSD (Partido Social Democrata), ao qual ele era filiado e um dos principais líderes no estado, e a UDN (União Democrática Nacional), partido marcadamente conservador, que fazia oposição tenaz ao projeto político e aos ideais de Getúlio Vargas. Embora também conservador, o PSD tinha sido criado para ser  um partido  destinado a abrigar as lideranças políticas do interior do país que apoiavam Getúlio, como contraponto ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), também criado pelo próprio Vargas e voltado para atender à  massa de trabalhadores urbanos. Embora com projetos distintos de poder, os dois partidos possuiam trajetórias paralelas, sempre ao lado  (um à esquerda populista e outro à direita progressista) de Getúlio.

Depois de Augusto Públio, Cachoeira vivenciou um largo período de desprestígio político no qual vive mergulhada até hoje. Nenhuma das escassas lideranças políticas  produzidas  desde então, alcançou a dimensão  que  ele obteve. Ele personifica perante a História a maior força política  que Cachoeira produziu.  Era ideologicamente um político de centro, aberto a propostas progressistas, embora conservador e liberal.

Este blog  apresenta um perfil desse cachoeirano  que se não tivesse sido colhido pela morte, ainda jovem aos 53 anos, teria certamente ocupado cargos mais importantes como o de governador da Bahia, que ele chegou a exercer  interinamente durante o período em que presidiu a Assembléia Legislativa. Na época não havia a figura de vice-governador.



domingo, 21 de novembro de 2010

NO DIA DE SANTA CECÍLIA TRANQUILINO BASTOS CRIOU A FILARMÔNICA " LYRA CECILIANA " DE CACHOEIRA

Tranquilino Bastos, fundador da Euterpe Ceciliana
Em 22 de novembro de 1870 era criada em Cachoeira (BA) a filarmônica Sociedade Euterpe Ceciliana, primeiro nome da atual Sociedade Cultural Orpheica Lyra Ceciliana, fundada na sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte, logo após o encerramento dos festejos em louvor a Santa Cecília, a padroeira dos músicos, que desde  então  passou a ser objeto de devoção  da filarmônica.

O principal articulador da  criação da Euterpe - nome de uma das nove musas da mitologia grega, patrona da música - foi Manoel Tranquilino Bastos (1850-1935), então com 20 anos e  seu  primeiro regente e mestre de banda. A Euterpe Ceciliana foi o primeiro nome da Lyra Ceciliana,  a segunda filarmônica mais antiga da Bahia em  plena atividade, aos 140 anos de existência. A mudança do nome ocorreu em 1890 quando das comemorações pelo primeiro aniversário da Lei Áurea,  que acabou a escravidão no Brasil. Desde essa época a Lyra Ceciliana comemora o 13 de Maio  como sua data magna, mas a fundação  de fato ocorreu em 22 de novembro de 1870, conforme consta das anotações feitas a mão pelo próprio Tranquilino em seus cadernos de anotações:"Mais tarde criei a banda musical da Sociedade Euterpe Ceciliana e sua orchestra religiosa".  A formação original da Euterpe reunia  predominantemente negros e mulatos que em meio aos seus afazeres de artífices e trabalhadores braçais arranjam tempo para aprender a manusear um instrumento e ter aulas de música com o próprio regente e professor. Mas o que unia a todos era a causa abolicionista. 

Muitos dos fundadores da nova filarmônica já tinham um passado musical, como  integrantes do Coro de Santa Cecília que animava as missas e novenas da própria Igreja do Monte. O próprio Tranquilino Bastos ainda adolescente havia criado o Recreio Cachoeirano, grupo musical que animava festas na cidade. Outra experiência fora a  participação na Banda Marcial de São Benedito, também formada majoritariamente por negros e que atuava na Igreja da Ajuda, a primeira construída em Cachoeira, entre os anos 1640 e 1650. Lá,  foram hostilizados pelo pessoal da Orchestra da Ajuda, a primeira  corporação religiosa surgida em Cachoeira, no ano de 1801, e ligada aos senhores de engenho, a elite escravocrata. de Cachoeira. A rivalidade entre as duas entidades levou à ruptura, com direito a ação na Justiça impetrada pela Banda Marcial São Benedito  para reaver bens materiais que foram sequestrados pela Orchestra da Ajuda.

Essa é a origem da rivalidade histórica entra a Lyra Ceciliana, fundada  por egressos da Banda Marcial São Benedito e a Minerva Cachoeirana, que veio a ser sucessora  da  
Orchestra da Ajuda. 


Santa Cecília é a patrona da Lyra Ceciliana de Cachoeira


Obs: É livre a transcrição, desde que seja citada a  fonte.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

TERREIROS DE CANDOMBLÉ DE CACHOEIRA SÃO DESTAQUE NA "REVISTA DE HISTÓRIA"

A mais prestigiada publicação brasileira sobre História dedica em seu número 62 (Novembro 2010) uma reportagem especial sobre os terreiros de candomblé de Cachoeira e como eles lidam com o interesse cada vez mais crescente de estudiosos e pesquisadores sobre seus rituais e mistérios.  A "Revista de História da Biblioteca Nacional" dedica três páginas à reportagem, assinada por Juliana Barreto Farias, em que são mostradas as formas de conciliar o interesse acadêmico com a necessidade  de preservação da pureza de muitos rituais e mistérios que integram as  atividades de alguns terreiros dessa religião de matriz africana. 

O acesso de pessoas "não iniciadas" a esses mistérios e como elas  se comportam ante o dilema  de lidar com "segredos" religiosos e, ao mesmo tempo,  terem-no  como objeto de estudo científico é a essência da reportagem, que destaca ainda a atuação de dois cachoeiranos que se dedicam ao estudo desse tema: o historiador e antropólogo Cacau Nascimento, o maior estudioso do candomblé na região, e Lu Cachoeira, coordenador do Ponto de Cultura Rede de Terreiro Cultural.

Confiram a reportagem: 

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CACHOEIRA E A IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA

A deposição do Imperador D. Pedro II e a implantação da República, no dia 15 de Novembro de 1889,  é um dos episódios mais conhecidos de nosssa história, com  diversos estudos e  pesquisas  baseados na farta documentação existente e  na abundante iconografia. Com o fim da monarquia o Brasil iniciou uma nova era de sua história política, marcada por golpes de estado - como o próprio episódio da Proclamação - revoluções, ditaduras e alguns períodos de normalidade democrática. Mas não deixou de ser traumática a mudança do regime monárquico constitucional para o republicano federativo.

Em Cachoeira, na época ainda uma das cidades mais importantes da Bahia, embora já sem o esplendor do passado, a chegada do novo regime surpreendeu a todos, como aliás  em todo o país. Mas as forças políticas logo agiram no sentido de aderir aos "vitoriosos". Na narrativa do advogado, jornalista e historiador,  Aristides Milton, a cidade logo se adaptou à novas circunstâncias. Assim está registrado no livro Ephemérides Cachoeiranas, publicado no ano de 1904. Para ele,  que durante o Império  ocupou vários cargos tendo sido inclusive  nomeado para governar a Província de Alagoas e que  talvez por gratidão à monarquia  tenha sido  o  último a assinar a lista de presentes, a República -  por ter sido implantada  através de um golpe militar, que portanto feriu a Constituição -  trouxe uma "ditacdura" liderada pelo Marechal Dedooro da Fonseca.


Segundo o cronista histórico cachoeirano, "o povo e a câmara" aderiram formalmente ao novo regime através de uma sessão especial realizada no dia 20 de novembro, na sede  da Câmara Municipal, mesmo prédio onde aliás o Imperador Dom Pedro I fora aclamado  Imperador 67 anos antes. Cabe um esclarecimento:  o "Barão de Belém" citado como presidente da Câmara não é o Cel. Rodrigo  Brandão, herói da Guerra da Independência  (que morrera em 1855)  e sim o 2º Barão de Belém.  Confira a "acta" da sessão histórica: 
(clique nas imagens para facilitar a leitura)


É pacífico hoje o entendimento de que a perda do apoio político à monarquia,   por causa da assinatura da Lei Áurea  que extingiu a escravidão,  no ano anterior,   foi a causa imediata  do fortalecimento das ideias republicanas, que não tinham muita adesão popular. O povo  brasileiro não participou do processo e inclusive segundo depoimento à época "assistiu àquilo bestializado, achando que fosse somente  uma parada militar". Era o Marechal Deodoro desfilando a cavalo pelas ruas do Rio de Janeiro, no momento culminante do golpe militar que implantou a República no Brasil.


domingo, 7 de novembro de 2010

CACHOEIRA PREPARA HOMENAGEM À IRMANDADE DA BOA MORTE

  
Lançamentos de DVD e livro sobre a Festa da Boa Morte, fazem homenagem à Irmandade sob promoção do Governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura do Estado, FPC e IPAC, com colaboração da Universidade Federal do Recôncavo, prefeituras municipais de Cachoeira e São Félix

Cerca de 20 pessoas, entre pedreiros, marceneiros, carpinteiros, eletricistas, montadores e auxiliares trabalham até terça-feira (09) na sede regional do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), em Cachoeira, a 110 km de Salvador, preparando o espaço para os lançamentos de um documentário em DVD e um livro inédito sobre a Festa da Boa Morte. O sobrado de dois andares do IPAC, localizado na Rua 25 de junho em Cachoeira – cidade tombada como Patrimônio Nacional – receberá exposição fotográfica e de bonecões das festas populares de São Félix, exibição de vídeodocumentário e lançamento do livro composto por artigos inéditos, estudos histórico-antropológicos, entrevistas, iconografias, bibliografias e fotografias.

O lançamento que acontece nesta quarta-feira, dia 10 (novembro, 2010), às 14 horas, nessa sede do IPAC, contará com presença do governador Jaques Wagner, acompanhado por secretários estaduais, prefeitos, vereadores, deputados da região, professores, alunos da UFRB e população local. Ao final da festa acontece apresentação especial do Grupo Samba de Roda Suerdieck. A iniciativa é da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), através do IPAC e Fundação Pedro Calmon (FPC), com colaboração da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Prefeitura Municipal de Cachoeira.

O livro e DVD integram parceria entre FPC e IPAC, ambos órgãos da SecultBA que estão realizando série de publicações de parte das pesquisas e dossiês que possibilitam os registro oficiais de manifestações culturais como Patrimônios Imateriais da Bahia. “De 2007 a 2010 já foram reconhecidas como Patrimônios Imateriais da Bahia, a Festa da Boa Morte em Cachoeira, o Carnaval de Maragojipe nesta cidade e a Festa de Santa Bárbara em Salvador”, diz o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça. A previsão é que até dezembro (2010), o IPAC termine a pesquisa sobre Desfile dos Afoxés, e em 2011, estudos sobre Ofício dos Vaqueiros, Ofício dos Mestres Organistas e Festa do Bembé em Santo Amaro.


“Todas devem ganhar livro com textos inéditos e documentário em DVD como forma de guardar a memória e difundir essas expressivas e importantes manifestações culturais”, explica o gerente de Pesquisa e Legislação do IPAC (Gepel), Mateus Torres, coordenador-geral da iniciativa. Com média de 120 páginas, os livros reúnem parte das pesquisas que o IPAC realiza com historiadores, sociólogos, museólogos, antropólogos, fotógrafos, arquitetos e outros técnicos. Com artigos inéditos, o livro apresenta estudos histórico-antropológicos, entrevistas, iconografias, bibliografias e fotografias, fortalecendo a relevância cultural e mística das manifestações, estimulando o turismo, o diálogo local, nacional e internacional sobre essas temáticas.



200 ANOS - A Festa da Boa Morte foi oficializada como Patrimônio Imaterial da Bahia no dia 25 de junho deste ano (2010). O decreto foi assinado pelo governador da Bahia, Jacques Wagner, durante sessão especial na Câmara de Vereadores de Cachoeira. A cerimônia fez parte das comemorações pela transferência do Governo do Estado para a cidade, que já acontece há três anos.  A festa da Boa Morte, que acontece desde 1820, sempre em agosto, mistura elementos do catolicismo e do candomblé e é considerada uma das mais importantes manifestações culturais da Bahia. A Festa foi incluída no Livro de Registro Especial de Eventos e Celebrações. O reconhecimento é uma salvaguarda à manifestação cultural afro católica, que passa a ter a proteção e o incentivo do Estado e da sociedade civil organizada, possibilitando ainda que tenha prioridade nas linhas de financiamentos culturais municipais, estaduais, federais e até internacionais. A irmandade religiosa de Nossa Senhora da Boa Morte existe em Cachoeira (BA) há mais de 200 anos, desde início do século 19 e é formada, historicamente, por mulheres negras e mestiças. A irmandade buscava resgatar mulheres negras da escravidão, pagando cartas de alforria, oferecendo proteção e facilitando fuga de escravos para quilombos. As pesquisas do IPAC garantem que já em 1820 a irmandade estava na cidade de Cachoeira, vinda de Salvador, fugindo do general Madeira de Mello que perseguia irmandades negras na capital.


Obs: O texto deste post foi encaminhado ao VAPOR DE CACHOEIRA pela Assessoria de Comunicação do IPAC 

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

" DEMOCRATAS " X " PARAGUASSU " : O INÍCIO DA RIVALIDADE ESPORTIVA ENTRE CACHOEIRA E SÃO FÉLIX

O foot ball  já despertava paixões nos anos 20

Em 1921 o foot ball  ou  pe-bola (termo usado muitas vezes à época e que felizmente não "pegou")  já mobilizava os cachoeiranos. O jornal A ORDEM  noticiava  num sábado daquele ano a paixão que esse esporte começava a despertar entre a população: um clássico entre o "Democratas" de Cachoeira e o "Paraguassu"  de São Félix.  A peleja seria disputada no dia seguinte na Praça Maciel, que ainda não possuía o atual Mercado Municipal e era uma vasta área, onde  também se apresentavam circos e touradas.

Antecipando o que mais tarde seriam as charangas das torcidas, a filarmônica  Lyra Ceciliana   foi contratada  para animar os torcedores cachoeiranos.

Antes da "renhidíssima" partida, que seria disputada à  tarde, haveria às 11 horas uma disputa entre as equipes infantis do "Paraguassu" e do "Democratas".

Ao final da notícia o  jornal recomenda que as pessoas tenham calma ao torcer pelo seu clube favorito, numa evidência de que em jogos anteriores houve o que na época  era chamado de sururu ou grossa pancadaria. Era o surgimento da rivalidade esportiva entre as duas cidades, que décadas mais tarde em disputas das duas seleções pelo Campeonato intermunicipal, ou mesmo em jogos amistosos entre equipes cachoeiranas e sanfelixtas, resultaria em fatos mais graves. O apelo dos redatores  visava  evitar que houvesse novas brigas, "afim de serem conservados, para o nosso bem, os títulos e foros de civilização que,  digna e justamente, Cachoeira possue".    

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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

DESCOBERTA MINA DE COBRE EM CACHOEIRA

A descoberta da existência de uma mina de cobre em Cachoeira provocou um grande alvoroço na Capitania da Bahia, no ano de 1782. O então governador, Marquês de Valença, comunicou oficialmente o fato a Martinho de Melo e Castro, Ministro do Ultramar,  encarregado pelo Governo da Metrópole de administrar todas as terras fora do Reino. O governador enviou a Portugal a amostra colhida  no Vale do Iguape, onde ficavam os principais engenhos de cana-de-açúcar da Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira.  Mais tarde outras amostras, maiores ainda, foram enviadas a Portugal, para serem analisadas. Uma das peças pesava  82 arrobas e 10 libras e foi descrita  pelo cientista  Domingos Vandelli, diretor do Real Museu de Lisboa,  como sendo  uma "massa enorme de cobre nativo, que pela sua riqueza se fez digna de toda estimação e como tal se acha colocada no Museu de Lisboa e não é das menores raridades que nele se encerra". E mais: "Internamente é de cor vermelha, como  o melhor cobre purificado e como ele é maleável e dúctil. Não contém ouro, porque a água fervente o dissolve perfeitamente e por ter a sua origem no vitríolo de cobre,etc".  Apesar de diversas iniciativas feitas nos anos seguintes, nunca houve efetivamente exploração comercial do cobre em Cachoeira.

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A documentação está registrada nos Anais da Biblioteca Nacional  volume 34 pg 515, publicado no ano de 1912

sábado, 23 de outubro de 2010

IRMANDADE DA BOA MORTE HOMENAGEIA OS 107 ANOS DE "MÃE FILHINHA"

Ela é um dos símbolos vivos da devoção a N. Sra. da Boa Morte

Este blog homenageia "Mãe Filhinha", uma das mais longevas integrantes da Irmandade da Boa Morte, em Cachoeira. Neste segunda-feira (25) ela estará comemorando 107 anos ! 

A comemoração será na sede da própria irmandade, na Rua 13 de Maio. Haverá uma missa em ação de graças, às 17 horas na capela, com a presença das irmãs. Em seguida haverá uma confraternização, com a presença da filarmônica Lyra Ceciliana, que na oportunidade  prestará sua homenagem, executando dobrados e outras composições  de seu vasto repertório.    

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

QUILOMBOS DA VILA DE CACHOEIRA SÃO DESTRUÍDOS

No final do Século XVIII o governo colonial  português intensificou as ações cruéis e repressivas contra os quilombos que se implantaram no sertão baiano. Nessa correspondência o governador da Bahia, Dom Fernando José de Portugal - o mesmo que  sufocou a Revolução dos Alfaiates e mandaria, naquele mesmo ano, enforcar e esquertejar  quatro negros na Praça da Piedade em Salvador - comunica a Dom Rodrigo de Souza Coutinho, Ministro da Marinha e dos Domínios Ultramarinos de Portugal,   que acabara de sufocar os quilombos existentes no vasto território da Villa de Cachoeira. 

Imagem de um quilombo como os que existiam em Cachoeira
Os quilombos referidos ficavam na Serra do Orobó, onde hoje situa-se a cidade de Ruy Barbosa,  e no distrito de Andarahy, na Chapada Diamantina.

A correspondência  está citada nos Anais da Biblioteca Nacional (Volume 036, publicada no ano de 1914)


Ilustração da guerra contra o QUILOMBO DOS PALMARES (Alagoas)

                             

sábado, 9 de outubro de 2010

UMA ENCHENTE EM CACHOEIRA VISTA PELAS LENTES DO ESPANHOL " MANOLO"

A imagem abaixo mostra uma das célebres enchentes do Rio Paraguaçu, que constantemente inundava Cachoeira e  São Félix. Mais precisamente a cheia do ano de 1948, tendo sido captada pelo espanhol Manoel Cewani (Manolo)  da janela do seu quarto no Hotel Colombo. Mostra a Praça Teixeira de Freitas, tendo ao fundo os sobrados onde funcionavam a extinta Pensão Universal e o saudoso  Bar  O Guarany, antigo reduto da boemia, mais tarde transformado no epicentro do bas-fond cachoeirano. 

O imigrante Manolo era da cidade espanhola de Gesteira Bolera e na década de 40  se radicou em Cachoeira,  onde morou  e trabalhou até morrer,  em meados  da década de 70. A cidade carinhosamente o adotou e seu FOTO MANOLO marcou época na Cidade Heróica, durante muitas décadas,  juntamente  com o FOTO BERNARDO e o FOTO WALTER.          


A foto mostra a embarcação BELANIZA circulando pelas ruas de uma Cachoeira alagada, tal uma gôndola pelas ruas de Veneza. Era toda construída em madeira mas apesar de sua fragilidade fazia viagens até Salvador. Não sem riscos para os passageiros que se arriscavam numa travessia perigosa. Há relatos de constantes panes no motor e em pelo menos uma vez  o  barco ficou à deriva em plena Baía de Todos os Santos, para desespero dos passageiros e tripulantes. Foi salvo pelo navio PARAGUAÇU, cujo comandante "Pombo" providencialmente mandou rebocá-lo até Salvador.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

CÂMARA ACEITA PAGAR ESTUDOS DE JOVENS CACHOEIRANOS EM LISBOA


Em 1799 a Câmara da Vila de Cachoeira respondeu afirmativamente a uma consulta do Governador da Bahia, Dom Fernando José de Portugal, aceitando pagar pensões a jovens da vila que fossem estudar em Lisboa, na Universidade de Coimbra e na  Real Academia da Marinha. A consulta fora feita no ano anterior, em nome da Rainha de Portugal, D. Maria I, a todas as câmaras das vilas baianas mas somente as de Cachoeira e de Salvador aceitaram a proposta. As demais alegaram não possuir condições financeiras para aprovar tal benefício. A idéia original era que as câmaras das respectivas vilas financiassem a formação  de  dois engenheiros hidraulicos, dois engenheiros topógrafos, um contador, um médico e um cirurgião. Tão logo concluíssem a formação especializada, eles voltrariam a suas "comarcas" para exercer o ofício que aprendessem na Europa.

Mas no mesmo ofício a Câmara de Cachoeira pondera alguns aspectos que poderia inviablilizar o projeto, como o aproveitamento futuro desses profissionais, considerando que não haveria tanto trabalho assim a executar na vila, notadamente para os engenheiros topógrafos e hidráulicos e o contador. A Câmara aponta como execção os médicos e cirurgiões "de que se experimenta grande penúria n´este continente".



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Os ofícios das câmaras de Cachoeira de Salvador aceitando, porém, bancar os cursos,  mesmo com as ressalvas, foram transcritos e enviados pelo governador para análise do Marquês de Anadia, titular do Conselho de Estado de Sua Majestade. Nessa época, Dom Maria I já sofria das faculdades mentais e o governo era exercido  pelo Príncipe Dom João, futuro Rei Dom João VI, que nove anos depois viria com toda Corte para o Brasil, fugindo das tropas do Imperador francês Napoleão Bonaparte. Não há registros posteriores se houve de fato o pagamento de bolsas de estudo para os estudantes.     


Nota do Editor: As informações contidas neste post  foram extraídas dos Anais da Bibliteca Nacional  do Brasil (volume 036, ano de 1914). 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

JUIZ DENUNCIA "E S C Â N D A L O S" DO PADRE DE CACHOEIRA

Em 1793 o Juiz de Fora da Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, Joaquim de Amorim Castro,  pediu providências e um "castigo eficaz"  contra o padre João da Costa Ferreira,  acusado de praticar diversos atos irregulares, como perturbação da ordem pública, calúnias e de se envolver em escândalos. A carta foi enviada ao político   e diplomata  Martinho de Mello e Castro, poderoso secretário de Estado da Marinha e do  Conselho Ultramarino, o órgão do governo português encarregado de administrar as colônias, a quem cabia nomear  para o Brasil e demais colônias portuguesas todas as autoridades civis, militares  e eclesiásticas.

A correspondência está citada nos Anais da Biblioteca Nacional, que catalogou a série de documentos enviados do Brasil ao Conselho Ultramarino. Na coleção publicada pela Biblioteca Nacional (do Rio de Janeiro) no ano de 1912 (Volume 34 , Página 294) extraímos o texto abaixo: 

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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

JORNAL PEDE "CHOQUE DE ORDEM" EM CACHOEIRA

A situação em Cachoeira  está a exigir das autoridades competentes um "choque de ordem" na cidade ! Ruínas e escombros de antigas construções representam ameaça física às  pessoas, algumas ruas abandonadas, com mato crescendo, lama em algumas ruas e o lixo sem ser recolhido, demonstram que é preciso o poder público municipal tomar providências urgentes ! Outra reclamação é a imensa quantidade de "malandros e desocupados" que praticam atos de vandalismo e assim infernizam a vida dos cidadãos.

Essas reclamações foram feitas através do jornal "A ORDEM", no distante ano  de 1925.  O jornal cita especificamente a Praça Marechal Deodoro (também conhecida como  "Currais Velhos" ) e a Rua Rodrigo Brandão ("Rua do Fogo")...Confiram :

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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

JORGE RAMOS SE RECUPERA EM CASA !

Graças a DEUS, à corrente de fé que os amigos criaram,   à força da minha família, aos avanços notáveis da Medicina e à equipe de médicos e  enfermeiros do Hospital Português, já estou em casa, recuperando-me satisfatoriamente da cirurgia cardíaca a que fui submetido. Muito obrigado a todos !
Abs,

JORGINHO RAMOS

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Postagem por: Desirée Ramos


A cirurgia cardíaca à qual meu pai foi submetido foi um sucesso. Ele foi transferido do Centro de Pós-Operatório Cardiovascular (UPC), onde ficou internado por 48h em observação, para o quarto, no próprio Hospital Português. Por recomendação médica, ele não poderá receber visitas nos próximos dias, tendo em vista a complexidade do procedimento, que exige um pós-operatório em repouso absoluto.


Na próxima semana ele estará em casa, onde poderá receber as visitas dos familiares e amigos queridos - quando estará preparado para as emoções decorrentes desse reencontro tão esperado.

No final de semana que antecedeu o dia 24 de agosto ele sentiu leves incômodos no maxilar ao realizar uma caminhada na orla. Achando que fosse o caso de procurar um dentista, não se preocupou com o sintoma. No dia 24 (terça-feira), aferimos sua pressão arterial em casa e, ao notar que estava alta, levamos-no ao Hospital Português, onde foi detectado, através de um exame de sangue, um infarto no miocárdio.

Após ficar aproximadamente 10 horas em observação no setor de Emergência, onde recebeu os primeiros (e essenciais) cuidados, foi encaminhado à Unidade Coronariana, na qual passou 48h e, após, a um quarto individual dentro da própria UCO.

Após detectar a existência de veias coronárias com pequenas obstruções, os médicos recomendaram fosse realizada a cirurgia de revascularização (denominada por nós, leigos, de "cirurgia de ponte de safena"), que seria um procedimento operatório não-emergencial, considerando que o infarto que o acometeu não foi de grandes proporções.

Entretanto, meu pai, minha mãe Aninha, meu irmão Diego e eu entendemos por bem "aproveitar" seu internamento no hospital para realizar a cirurgia tão logo fosse possível, considerando que este procedimento possibilita, com maior segurança, a circulação sanguinea no coração (que é bombeada para o resto do corpo), que é dificultada pelas obstruções arteriais detectada em pacientes hipertensos, com mais de 50 anos e com histórico familiar, como é o caso dele.

O procedimento foi realizado com absoluto sucesso, como dito anteriormente, pela equipe competentíssima do Hospital Português, chefiada pelos cirurgiões Dr. Luciano Rapold e Dr. Leonardo Flausino, aos quais rendemos nossos eternos e sinceros agradecimentos. 


24h após a cirurgia, os drenos e o soro foram retirados e meu pai já pôde se alimentar. 48h depois ele caminhou pela UCO com a fisioterapeuta. Ele encontra-se no quarto desde o final da tarde deste domingo (dia 05 de setembro), alimentando-se normalmente, fazendo exercícios físicos e caminhadas leves pelo quarto com os fisioterapeutas e a previsão de alta hospitalar já é para a próxima semana. O bom humor e a fé não o abandonaram em nenhum momento e seu otimismo e boa aparência impressionam médicos, enfermeiras, auxiliares e fisioterapeutas.

Graças a DEUS, nosso Pai, criador, capaz de nos conceder o dom da vida e da regeneração, tudo deu certo e assim continuará :)


Meu pai está com saudade de todos os amigos, pergunta por vocês todos os dias e vem recebendo, desde o início dessa "aventura", por assim dizer, mensagens e manifestações de apoio, carinho, fé, esperança, coragem, admiração e amor, as quais foram imprescindíveis para a manutenção dos seus excelentes estado físico (não obstante ele tenha passado por uma cirurgia delicada e de grande porte, ele está firme e forte), psicológico (consciente, sereno e confiante), emocional (com o humor afiadíssimo, como todos estão acostumados) e espiritual (protegido e abençoado por Deus, renovando sua fé), antes e depois da cirurgia.

Isso tudo, claro, tem sido tão importante pra nós quanto pra ele. Não temos palavras para agradecer ou retribuir tudo o que vocês, grandes e verdadeiros amigos, têm feito nas últimas semanas. Cada palavra, gesto, telefonema ou oração assume um significado ainda maior pra nós, sobretudo num momento como esse... é realmente maravilhoso!


Nos próximos dias, postarei uma foto dele aqui no blog.

Para entrar em contato conosco e receber notícias, nossos telefones são:

Desirée (71) 8885-5197
Diego (71) 9987-2191

Um grande abraço a todos vocês!
Fiquem com Deus e, mais uma vez, muito obrigado,
(em nome de) Jorginho e família.

sábado, 4 de setembro de 2010

Recuperação de Jorge Ramos

Graças a Deus, a todos os santos, às energias positivas e aos avanços da Medicina Jorge Ramos se recupera bem da cirurgia cardíaca à qual foi submetido no dia 03 de setembro (sexta-feira).

A família agradece as mensagens de carinho e fé, o apoio e os sinceros votos destinados à sua recuperação.

OBRIGADO A TODOS!!!

* Mensagem postada por Diego Borges Ramos

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SALVE (M) A FESTA DA BOA MORTE !

O jornal A TARDE em sua edição de 23 de agosto publica, na página 2, um artigo assinado pelo editor deste blog sobre a desfiguração que a tradicional Festa da Boa Morte vem sofrendo nos últimos anos, à revelia da tradicional irmandade.  Nele, conclamamos os diversos segmentos da comunidade e autoridades a discutir formas de evitar que a festa perca suas características e seja carnavalizada. O objetivo deste artigo foi trazer o tema para reflexão e debate. Sugerimos que a Câmara de Vereadores de Cachoeira realize, tão logo seja possível, uma audiência pública para discutir, com a presença de representantes da Irmandade, do poder público e da sociedade em geral, medidas capazes de tornar a Festa da Boa Morte  algo que seja digno de sua importância cultural  para a cidade, com a dimensão que ela possui, de  patrimônio imaterial da Bahia, e a sua merecida dimensão internacional


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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

BOTICÁRIO CACHOEIRANO PROIBIDO DE VENDER "ÁGUA DA INGLATERRA"

O direito à exploração das marcas comerciais não é um fenômeno recente nem está vinculado às modernas ferramentas do marketing. A disputa pela exploração do nome de determinados produtos já se se fazia presente ainda no Brasil colonial. Assim, o uso indevido de algumas marcas já licenciadas,  sem autorização do detentor  do direito de explorá-la, podia render uma boa dor de cabeça. Numa época em que ainda não existia sequer o conceito de franchising, um cachoeirano teve que retirar um produto das prateleiras de sua botica (nome equivalente hoje ao de uma farmácia). O detentor  dos  direitos, concedidos mediante decreto  real, acionou judicialmente o boticário cachoeirano, que teve de assinar um acordo, se comprometendo a não mais vender Água da Inglaterra, produto tido como medicinal. A notícia é de 1812 e foi garimpada por este blog na coleção de exemplares do jornal A IDADE D´OURO  DO BRASIL, que circulava em Salvador.  

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A "água inglesa" é um fitoterápico natural,  indicado para desintoxicar o organismo, principalmente das parturientes e para quem sofreu aborto,  e para quem  tem endometriose ou alguma infecção uterina. Ajuda na cicatrização interna e, posteriormente,  na amamentação,  podendo ser encontrada em qualquer fármacia.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O SEGUNDO ROUBO À IGREJA MATRIZ DE CACHOEIRA

Na manhã do dia 12 de abril de 1928, uma quinta-feira,  Cachoeira foi abalada por uma notícia que logo cedo se espalhou pela cidade como uma bomba,  causando  estupefação  em toda a comunidade:  

"ROUBARAM A IGREJA MATRIZ  E LEVARAM  A  ÂMBULA SAGRADA E OS ROSÁRIOS DE NOSSA SENHORA E DE DEUS MENINO !  Todas as peças eram de ouro maciço !!!"

O roubo foi considerado um sacrilégio e provocou uma onda de indignação até mesmo os não católicos. A âmbula é semelhante a um cálice, mas possui tampa. Nela são gruardadas as hóstias. Após a missa a âmbula é guardada no sacrário com as hóstias já consagradas que,  eventualmente, não tenham sido usadas. No caso, a âmbula foi roubada do altar do Santíssimo Sacramento, que fica à  esquerda do altar-mor do templo. Segundo relatos  tinha  a altura de um palmo e  era uma  verdadeira obra de arte, com valor estimado  em 10 mil contos de réis, uma verdadeira fortuna para a época, hoje estimado em mais ou menos 1 milhão de reais.

(Modelo de uma âmbula) 
Além da âmbula os ladrões levaram do altar-mor os rosários, também de ouro maciço, que ficavam entre os dedos das imagens de Nossa Senhora do Rosário e Deus Menino. 

Conforme noticiamos neste blog (ver postagem de 31 de julho) este ão foi o primeiro  roubo à Igreja Matriz de Cachoeira. Exatamente 110 anos antes, em 1818, foi roubado  também do altar da Irmandade do Santíssimo Sacramento,  um purificador lavrado em ouro maciço.   

 A perda das alfaias causou um trauma muito grande entre os cachoeiranos, o que levou a uma onda de especulações na cidade.  Apesar de ter sido aberto um inquérito policial, jamais foram identificados os autores do roubo nem encontradas  as valiosas peças do acervo da cidade.

A notícia foi assim veiculada no jornal cachoeirano A ORDEM, em sua edição de 14 de abril daquele ano.

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A notícia do roubo foi comunicada aos cachoeiranos pelo Arcipestre Cavalcanti, pároco da cidade,  durante a missa das 7 horas da manhã do dia 12 de abril de 1928.

 
O Padre Augusto Cavalcanti de Albuquerque  era Arcipestre, um cargo  honorífico entre o prelado católico,  que significa  uma proeminência entre todos os demais sacerdotes de uma determinada paróquia ou região. O arcipestre era geralmente o decano entre os sacerdotes e tinha autoridade moral sobre os demais,  substituindo  eventualmente os bispos em determinadas questões. 


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

MONTEZUMA : A TRAJETÓRIA DE UM HERÓI CACHOEIRANO

 

Embora tivesse nascido em Salvador, foi em Cachoeira que  ele iniciou sua carreira política tendo um merecido destaque na galeria de heróis da guerra pela Independência do Brasil. Exerceu um papel fundamental no episódio do dia 25 de Junho de 1822. Nessa época, aos 28 anos,  era  advogado e jornalista em Salvador, onde editava  O Constitucional. Perseguido pelo General  português Madeira de Melo, por suas posições  em defesa da Independência do Brasil, foge para Cachoeira escondido no fundo de um saveiro. Com sua retórica  convincente  prega entre os  moradores da Vila a necessidade de aclamar  "com a maior urgência possível" o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara, Defensor Perpétuo do Brasil, desafiando assim as tropas e cortes portuguesas que o queriam de volta a Lisboa e assim recolonizar o Brasil. O que foi feito, em 25 de Junho de 1822.

Após a aclamação e o bombardeio da Vila,  ele  foi nomeado pela própria Câmara de Cachoeira o emissário para levar pessoalmente o documento a Dom Pedro, no Rio de Janeiro. Assim como fazer um relato da situação da Bahia, cuja capital estava em poder de Madeira de Melo enquanto no interior  as vilas,  lideradas por Cachoeira, se rebelaram e juraram obedecer unicamente a Dom Pedro, a quem conclamavam  a declarar o Brasil independente. Com a cidade de Salvador sitiada, Montezuma (nome que só adotaria mais tarde) viajou a cavalo, seguindo pelo sertão baiano até a Estrada Real das Minas Gerais, daí alcançando o Rio de Janeiro onde  foi recebido pessoalmente pelo  Príncipe Regente. A partir da sua exposição sobre a gravidade  da situação,  Dom Pedro determinou o envio de tropas comandadas pelo General Pedro Labatut para libertar a Bahia.  A proclamação  da Independência em 7 de Setembro  ainda o alcança no Rio de Janeiro. Mais  tarde  retorna à Bahia, em plena guerra, trazendo o equipamento gráfico doado pelo Imperador  para montar  O Independente Constitucional, primeiro jornal criado no Brasil independente, que circulou em Cachoeira, sede do Governo Provisório, até julho de 1823. Cachoeira o homenageou dando o seu nome a uma das mais antigas e tradicionais escolas  da cidade, o Grupo Escolar Montezuma, na Avenida Ubaldino de Assis.

Após aclamar Dom Pedro em 25 de Junho de 1822 a Câmara de Cachoeira 
nomeou  Montezuma para ir ao Rio de Janeiro comunicar a notícia 
ao Príncipe Regente.
 
 
Nascido em 1794, Francisco Gomes Martins era seu nome de batismo. Filho de um português e uma mulata, que o queriam padre, estudou em Coimbra  onde se formou em Direito.  Na volta à Bahia foi advogado e jornalista, quando se envolveu nas lutas  pela  Indepedência  do Brasil. Após  a guerra,  seguindo uma tendência que se alastrara na Bahia,  mudou o nome de origem portuguesa  incorporando elementos nacionalistas: tem origem indígena, Acaiaba tem origem africana e Montezuma era uma homenagem ao imperador asteca, assassinado pelos colonizadores espanhós. Após a Independência  ter se consolidado na Bahia,  foi distinguido por Dom Pedro I com a Medalha de Comendador da Imperial Ordem do Cruzeiro, a maior da época. Foi deputado constituinte em 1823 e fez  oposição a Dom Pedro quando o Imperador  não aceitou ter seus poderes controlados pela  futura  Constituição.  Com o gesto absolutista  de Dom Pedro, que fechou  a Assembléia Constituinte e outorgou uma Constituição, Nontezuma foi preso e deportado para a França juntamente com José Bonifácio de Andrada e Silva e seus irmãos, Martim Francisco e Antônio Carlos,  com quem fizera um sólida amizade desde quando foi emissário da Câmara de  Cachoeira.

 Em 1831 retornou ao Brasil e foi eleito novamente  para a Assembléia Constituinte, onde defendeu vigorosamente  o combate ao tráfico de escravos, sendo um dos primeiros abolicionistas. Foi Ministro da Justiça (1837) e Embaixador do Brasil na Inglaterra (1839). Em 1850 foi nomeado Conselheiro de Estado  e,  no ano seguinte,  Senador pela Bahia. Em 1854 foi  condecorado com o título de nobreza de Visconde  de Jequitinhonha.

Montezuma foi notável orador e um dos grandes polemistas do II Reinado. Advogado e jurista foi um dos fundadores e primeiro presidente do Instituto dos Advogados do Brasil, embrião da Ordem dos  Advogados do Brasil (OAB). Foi um dos fundadores  do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB) e escreveu livros sobre direito,  economia, história e política. Tem lugar de destaque  também na história da Maçonaria no Brasil. Ainda no  exílio,  foi  ajudado financeiramente por essa instituição, de quem recebeu a incumbência de abrir no Brasil lojas do Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil, o que fez em 1832 criando o Supremo Conselho. Morreu no Rio de Janeiro  em 1870. 

sábado, 31 de julho de 2010

ROUBO NA IGREJA MATRIZ DE CACHOEIRA

Numa demonstração de que o roubo de peças sacras das nossas igrejas não é fenômeno recente nem episódico, o jornal A IDADE D´OURO DO BRASIL - o primeiro a circular na Bahia e o segundo do Brasil - noticiou em 1818, portanto há 192 anos,  o roubo de um "purificador de ouro lavrado",  pertencente à Irmandade do Santíssimo Sacramento, que funcionava na Igreja Matriz da Vila de Cachoeira.  Era uma riquísima e rara peça de ouriversaria, usada juntamentre com cálices, custódias, castiçais,  turíbulos  e ostensórios nos rituais litúrgicos da Igreja Católica. 


A riqueza das peças das igrejas de Cachoeira, a maioria em ouro e prata, tem origem na importância da então Vila, que durante  grande parte do período colonial era passagem obrigatória  para o escoamento da produção das minas do sertão brasileiro, um dos principais acessos entre o sertão e o litoral, de onde a riqueza produzida em Minas Gerais - ouro prata e diamantes - seguia para Portugal. Cachoeira atraiu nessa época grandes  e criativos ourives, que trabalhavam artisticamente o material bruto, lapidando-o e dando-lhes  a  forma desejada. Essa atividade, inclusive, chegou a ser regulamentada pela Coroa Portuguesa  para evitar o descaminho, ou contrabando. Lembremos que até 1763 a cidade de Salvador era a capital do Brasil, transferida para o Rio de Janeiro justamente para facilitar e tornar mais seguro  o acesso entre a Metrópole e a Colônia,  com a construção da Estrada Real que ia direto de Minas Gerais até o Rio de Janeiro.



Abaixo: Exemplo de um purificador, que se encontra  no  Museu de Arte Sacra de Lisboa, peça onde eram guardadas as brasas (o fogo purificador), depois fransferidas para o turíbulo,   usadas no  ritual católico.