sexta-feira, 25 de junho de 2010

UM OUTRO ENCONTRO ENTRE BRASIL E PORTUGAL NUM DIA 25 DE JUNHO

             


    Em "O Primeiro Passo para a Independência" Antônio Parreias retratou o episódio que deu início à Guerra pela Independência do Brasil.  No dia 25 de Junho de 1822 a Vila de Cachoeira aclama o Príncipe Dom Pedro e é bombardeada por uma barca canhoneira portuguesa.


 
Na História há momentos em que os fatos se entrecruzam  de tal maneira, a evidenciar "coincidências" ao longo da trajetória dos homens e das nações. E o dia 25 de Junho é uma demonstração disso. Em 1822 a então Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira era atacada por canhões portugueses, num episódio que marca o início da luta armada pela Independência do Brasil. Passados 188 anos, novamente num dia 25 de Junho, brasileiros e portugueses se enfrentam. Mas desta vez o campo não é o de batalha, mas o de futebol, num duelo esportivo pela Copa do Mundo, evento considerado por muitos como o maior espetáculo da Terra. O esporte, que educa, integra e agrega valores saudáveis, inclusive para o interrelacionamento entre os indivíduos e os povos, nos oferece a oportunidade para evocar essa epopéia.

           Em 25 de Junho de 1822 o bombardeio da Vila de Cachoeira foi uma represália portuguesa à decisão do Senado da Câmara - o equivalente ao Poder Legislativo da época - da vila em aclamar o Príncipe Dom Pedro de Alcântara "Defensor Perpétuo do Brasil", reconhecendo-o como única autoridade a quem devia obediência e exortando-o a libertar o Brasil de Portugal. Tal atitude desafiava a Metrópole, num momento em que em Lisboa estava sendo elaborada a nova Constituição Portuguesa e os deputados brasileiros  favoráveis a essa separação sofriam ameaças físicas. Na Bahia, o comando militar era exercido pelo militar português Luiz Inácio Madeira de Melo, que fora rechaçado pelos brasileiros desde que chegara a Salvador no início do ano. Os conflitos nas ruas de Salvador entre os adeptos do Partido Brasileiro e as tropas portuguesas chegaram a ser violentos. A principal, mas não a única, vítima foi a freira Joana Angélica, assassinada a golpes de baioneta por soldados portugueses no Convento da Lapa em 19 de fevereiro de 1822. 

                  Sentindo-se ameaçados e fugindo da dura repressão militar, os adeptos da causa da Independência fugiram paa as vilas e engenhos de açucar do Reconcavo, onde organizaram a reistencia. Em 14 de Junho, o Senado da Câmara da Vila de Santo Amaro da Purificação realiza sessão extraordinária em cuja Ata de Vereação consta ser necessário consultar as demais vilas sobre a ideía de se ter no Brasil um governo autônomo. Nesse clima de insurreição e sabendo que a Câmara de Cachoeira seria a próxima a se pronunciar, Madeira de Melo manda uma barca canhoneira  subir o Rio Paraguaçu e ancorar em frente à Vila de Cachoeira, com ordens para reprimir quaisquer manifestações  separatistas. O ataque à Vila representou o ato inicial de uma guerra. Revoltados com a agressão, os cachoeiranos tomaram a embarcação de assalto e prenderam toda a tripulação. Em seguida montaram uma Junta Provisória para organizar a resistência e conclamaram as demais vilas a lutarem pela Independência. 
                   A proclamação da Independência, em 7 de Setembro, encontra a Bahia conflagrada. O comando militar português recusa-se a aceitar a Independência  e a capital  permanece ocupada por tropas leais a Lisboa.  O interior, liderado por Cachoeira,  onde está sediado o Governo revoluconário busca e aceita ajuda militar enviada do Rio de Janeiro pelo recém-empossado Imperador Dom Pedro I. Salvador,  cercada por terra e mar  e sem receber mantimentos e víveres do Recôncavo, é uma cidade quase fantasma com a fome grassando e de onde a população civil tenta fugir.  Desde o 25 de Junho Cachoeira é a sede da Bahia livre,  com a Junta de Governo instalada no Hospital São João de Deus. De lá emanam as ordens administrativas, fiscais - como o recolhimento de impostos e donativos de guerra - e militares. Os comandos  militares brasileiros,  liderados inicialmente por Pedro Labutut e posteriormente pelo General Lima e Silva, avançam sobre Salvador e deixam os portugueses sitiados.

                   O ato final dessa guerra ocorre um ano depois quando o que restava do Exército português em frangalhos desiste e foge para Lisboa. Os brasileiros entram festivamente na cidade resgatada. São homens e mulheres, vaqueiros sertanejos, escravos  e soldados - muitos descalços e vestindo trapos - recebidos calorosamente pela população e desfilando triunfalmente. É a festa do 2 de Julho, tão cara aos baianos por reviver esta saga. Mas que foi minimizada por mentalidades historicamente equivocadas, ao retirá-la do nome do Aeroporto  para homenagear uma personalidade que não teve a mínima importância histórica, em comparação à bravura e à grandeza dos homens e mulheres que lutaram na guerra que consolidou a Inde´pendência do Brasil.

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