sábado, 31 de julho de 2010

ROUBO NA IGREJA MATRIZ DE CACHOEIRA

Numa demonstração de que o roubo de peças sacras das nossas igrejas não é fenômeno recente nem episódico, o jornal A IDADE D´OURO DO BRASIL - o primeiro a circular na Bahia e o segundo do Brasil - noticiou em 1818, portanto há 192 anos,  o roubo de um "purificador de ouro lavrado",  pertencente à Irmandade do Santíssimo Sacramento, que funcionava na Igreja Matriz da Vila de Cachoeira.  Era uma riquísima e rara peça de ouriversaria, usada juntamentre com cálices, custódias, castiçais,  turíbulos  e ostensórios nos rituais litúrgicos da Igreja Católica. 


A riqueza das peças das igrejas de Cachoeira, a maioria em ouro e prata, tem origem na importância da então Vila, que durante  grande parte do período colonial era passagem obrigatória  para o escoamento da produção das minas do sertão brasileiro, um dos principais acessos entre o sertão e o litoral, de onde a riqueza produzida em Minas Gerais - ouro prata e diamantes - seguia para Portugal. Cachoeira atraiu nessa época grandes  e criativos ourives, que trabalhavam artisticamente o material bruto, lapidando-o e dando-lhes  a  forma desejada. Essa atividade, inclusive, chegou a ser regulamentada pela Coroa Portuguesa  para evitar o descaminho, ou contrabando. Lembremos que até 1763 a cidade de Salvador era a capital do Brasil, transferida para o Rio de Janeiro justamente para facilitar e tornar mais seguro  o acesso entre a Metrópole e a Colônia,  com a construção da Estrada Real que ia direto de Minas Gerais até o Rio de Janeiro.



Abaixo: Exemplo de um purificador, que se encontra  no  Museu de Arte Sacra de Lisboa, peça onde eram guardadas as brasas (o fogo purificador), depois fransferidas para o turíbulo,   usadas no  ritual católico. 












quinta-feira, 22 de julho de 2010

CACHOEIRA NO TEMPO DOS BARÕES DO IMPÉRIO (II)

Breves perfis de outros cachoeiranos que receberam títulos de nobreza :
 
 
ENGENHO VITÓRIA 

  
Barão do Paraguassu (sic) - Essa era a grafia à época
Salvador Moniz Barreto de Aragão de Souza e Menezes (1789-1865)


Era patriarca de uma das famílias tradicionais do Recôncavo e dono de vários engenhos de açúcar em Cachoeira, citados por Dom Pedro II no Diário da Viagem ao Norte do Brasil. Na viagem ao Recôncavo, feita em 1859, o Imperador passou de barco a vapor  e foi saudado pelos moradores e trabalhadores dos engenhos, que ficavam nas margens do Rio Paraguaçu. Os engenhos eram administrados pelo filhos do barão, Pedro Moniz Barreto de Aragão e Menezes, que veio a receber, mais tarde, o título  de  Barão do Rio de Contas e Egas Moniz Barreto de Aragão e Menezes, mais tarde  Barão de Moniz Aragão. Em seu diário da viagem, Dom Pedro II anotou: "Adiante da margem esquerda está o Engenho  Vitória, também do (Barão do ) Paraguassu, administrado pelo filho Egas. Parece grande e a casa de vivenda tem belo aspecto".

  
Barão de Moniz Aragão
Egas Moniz Barreto de Aragão e Menezes (1839-1896)
 Era filho do  Barão do Paraguassu e durante muito tempo administrou o Engenho Vitória, um dos maiores da Bahia. Bacharel em Direito,  dedicou-se mais tarde à carreira diplomática, servindo em diversas legações.

 Baronesa de Moniz Aragão
 

2º Barão do Paraguassu e Visconde do Paraguassu
Francisco Moniz Barreto de Aragão e Menezes (1813 -1901) 
 Era filho do 1º Barão do Paraguassu. Foi Cônsul Geral do Brasil em Hamburgo. Era Moço Fidalgo com exercício na Casa Imperial, Cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo, Grande Dignatário da Imperial Ordem da Rosa e Comendador da Ordem do Libertador Bolívar, da Venezuela. Era dono do Engenho Pilar, administrado pelo irmão. Diplomata, morou quase toda a vida em  Hamburgo, onde morreu  solteiro aos 88 anos.    

Barão de Alagoinhas
Francisco Pereira Sodré (1818-1882)

Embora seu título de nobreza não fizesse referência ao Recôncavo, mas à região da Vila de Inhambupe, nasceu em Cachoeira, na localidade de Santiago do Iguape, onde  a família possuía engenhos. Era Coronel da Guarda Nacional e genro do médico, professor e político Lino Coutinho, um dos principais nomes da política da Província no I Reinado. 
 
 Barão de Alagoinhas

terça-feira, 20 de julho de 2010

CACHOEIRA NO TEMPO DOS BARÕES DO IMPÉRIO (I)

Barão de Belém

Durante o Império, período compreendido entre 1822 e 1889, o Brasil teve cerca de 950 "nobres", entre barões, viscondes, condes, marqueses e duques. Eram geralmente grandes proprietários de terras, militares e eclesiásticos com serviços prestados à Monarquia. O regime político era o parlamentarismo monárquico e os partidos Liberal e Conservador se revezavam no poder, sem nenhuma diferença concreta  entre si, pois ambos  eram preocupados em manter o status quo: o trabalho escravo, grandes propriedades de terras e a monocultura. Os três pilares que sustentavam a Monarquia eram os militares,  a Igreja e os grandes proprietários de terras. Com isso os títulos de nobreza  eram distribuídos como benesses a quem tinha algum poder (militar, religioso ou econômico) em troca  de apoio político ao Império. Obviamente  eles garantiam apoio eleitoral aos partidos, numa época em que o voto era censitário, isto é,  estava vedado às mulheres ,  aos escravos e às pessoas que não tivessem uma renda mínima, por exemplo, de 100 mil réis ou  o equivalente a uma roça de 100 alqueires de mandioca.  Além disso, para ser votado a pessoa tinha que ter uma renda mais elevada ainda.    
   
No Recôncavo - região que se destacara nas lutas pela Independência do Brasil, sendo Cachoeira inclusive a sede do Governo Provisório durante a guerra - os  grandes  proprietários rurais  e militares também foram agraciados com títulos de nobreza. Juntamente com os  senhores de engenho de Santo Amaro, São Francisco do Conde, Jaguaribe, Itaparica, Nazaré das Farinhas, Maragojipe e São Félix, eles formavam a chamada nobreza do Recôncavo, região mais rica da Província da Bahia. 

Aqui traçaremos breves perfis dos nobres cachoeiranos: 

Barão de Belém 
Rodrigo Antonio Pereira Falcão Brandão (1786-1855)
Nasceu  no Iguape, região da zona rural de Cachoeira onde ficavam os principais engenhos, sendo inclusive proprietário de um deles. Recebeu o título diretamente das mãos do Imperador  Dom Pedro I pela participação nas lutas pela Independência. Era Coronel  e na madrugada de 25 de Junho de 1822  entrou em Cachoeira  à frente de uma  tropa  para  garantir que o Senado da Câmara aclamasse o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara.  Teve papel decisivo na Batalha de Pirajá e em 2 de Julho do 1823, integrando o Exército Libertador, entrou triunfalmente em Salvador, com a fuga dos portugueses que resistiam à Independência e controlavam a cidade. Mais tarde, já Brigadeiro, , atuou em 1832  e em 1837/38 na defesa da legalidade e em  nome do Império reprimiu as revoltas republicanas de Guanais Mineiro, em Cachoeira,  e a Sabinada em Salvador, respectivamente. Morreu em 1855, tendo sido uma das vítimas da  epidemia de cholera morbus que assolou o Recôncavo. Foi enterrado no Convento de Santo Antonio do Paraguaçu, próximo ao seu engenho. Cachoeira o homenageou dando-lhe o nome da mesma rua  conhecida também como Rua do Fogo. 

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Barão, Visconde e Marquês de Muritiba
Manuel Vieira Tosta (1807-1896)

Nascido em Cachoeira, era formado em Ciências Jurídicas e Sociais. Foi Juiz em Cachoeira e  em 1837 durante a Sabinada,  quando a cidade foi sede do Governo  da Província, assumiu a Chefia de Polícia na repressão ao movimento rebelde, o que lhe garantiu a primeira honraria. Foi deputado à Assembléia Nacional em várias legislaturas e nomeado Senador. Foi presidente das províncias de Sergipe, Pernambuco e Rio Grande do Sul e ocupou os ministérios da Marinha , Fazenda e da Guerra. Foi desembargador da Relação da Corte (equivalente hoje ao Supremo Tribunal Federal), membro do Conselho de Sua Majestade, recebeu várias condecorações e foi , sendo amigo pessoal de Dom Pedro II e foi,  entre todos, o que mais recebeu  honrarias e títulos. A família Tosta tinha vários engenhos em Cachoeira, São Félix e Maragojipe. 

Barão de Najé 
Francisco Vieira Tosta (1804-1872)

Era irmão do Barão de Muritiba e foi Juiz de Paz em Cachoeira. Em 1859  ocupava a Presidência da Câmara de Vereadores, quando em nome da cidade saudou o Imperador Dom Pedro II em sua visita à cidade e o acompanhou até Feira de Santana. Era proprietário dos engenhos Vanique e Capivari, nas margens do Rio Paraguaçu. Foi Coronel e Comandante da Guarda Nacional na região. Recebeu também a comenda da  Ordem de Cristo  e da Ordem da Rosa. Era pai de Inácio Tosta, um dos primeiros prefeitos de São Félix. Pai e filho são homenageados com nomes de rua em Cachoeira.

2º Barão de Muritiba
Manuel Vieira Tosta Filho (1839 - 1922)

Era filho do 1º Barão de Muritiba e embora tivesse nascido em Salvador foi criado  em Cachoeira num dos engenhos da família. Ainda jovem foi estudar em Boulogne sur Sene (França) mas se formou em Direito, em São Paulo. Casou-se com Maria José Velho de Avellar, filha dos viscondes de Ubá e Dama de Companhia da Princesa Isabel. A Baronesa de Muritiba foi uma das mais destacadas integrantes da Corte, no Rio de Janeiro,. O Barão foi,  como o pai, desembargador do Tribunal da Relação, tendo sido o último Procurador da Coroa. Com o golpe militar  que destronou Dom Pedro II e implantou a República, o casal acompanhou a família imperial  no exílio.: Pesquisadores apontam este aspecto da biografia do casal:"Os barões de Muritiba acompanharam a família imperial no exílio. Mais tarde, a baronesa  desfez-se de suas jóias para pagar o mausoléu erguido para D. Pedro II e a Imperatriz Teresa Cristina na Catedral de Petropólis". 

Fotografia tirada por  Marc Ferrez  em 1866. A Pricesa Isabel (centro) está  ladeada pela Baronesa de Muritiba (à esquerda) e pela  Baronesa de Loreto (direita) na varanda da sua casa  em Petropólis


O Barão de Nagé morreu em 1922, quando retornava de uma viagem à Europa e o navio "Bagé" navegava em águas do litoral do Espírito Santo.

 (prossegue ...)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

COMERCIANTE CACHOEIRANO REAGE CONTRA ESTELIONATÁRIOS

Certamente por ter sido lesado por alguns espertalhões que usaram indevidamente seu nome para adquirir mercadorias e cobrar dívidas de terceiros, um cachoeirano - provavelmente um comerciante - mandou publicar em 1814 um AVISO ESPECIAL no jornal A IDADE D'OURO DO BRASIL, de Salvador.  O jornal, a segunda gazeta a circular no Brasil e  a primeira na Bahia,  foi fundado pelo português Manuel Antonio da Silva Serva e circulou entre 1811 e 1823. Cabe lembrar  que  até a chegada da Família Real portuguesa em 1808, fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte que invadiram Portugal, a imprensa estava proibida no Brasil.  A autorização para a primeira gazeta da Bahia circular foi dada através de uma Ordem Régia,  assinada pelo Príncipe Regente Dom João VI, em 5 de fevereiro de 1811. 

O A IDADE D´OURO DO BRASIL destinava-se  a publicar somente notícias do interese do Reino: o movimento dos navios no Porto de Salvador e a reprodução  de artigos da imprensa européia que fossem do interese de Portugal. Abria algum espaço também para avisos como esse, geralmente do interesse do comércio, noticiar fugas de escravos e ofertar bens móveis (aí incluídos os escravos ! ) e imóveis para compra e venda.   As informações abaixo  foram obtidas no site da Biblioteca Nacional e estão contidas no livro "A Primeira Gazeta da Bahia - IDADE D'OURO DO BRAZIL", de Maria Beatriz Nizza da Silva, publicado pela Edufba em 2005. 

Pela dimensão  que João José Espíndola Velho quis dar ao seu aviso,  alertando  Salvador   e outras praças, o prejuízo que sofreu deve ter sido considerável.  O que se constata também é que já naquele tempo os estelionatários agiam inescrupulosamente. 

(clique na imagem para facilitar a leitura)


sábado, 10 de julho de 2010

IGREJA AMEAÇA EXCOMUNGAR QUEM SUMIU COM DOCUMENTOS EM CARTÓRIO DE TERRAS DE CACHOEIRA

Em janeiro de 1821 o padre Manoel Jacinto Pereira de Almeida - que servia em Cachoeira,  onde era  vigário encomendado e  um ano e meio depois, em 25 de Junho de 1822,  viria ser o celebrante do Te Deum realizado na Igreja Matriz da então vila, após a aclamação,  pelo Senado da Câmara,  do Príncipe Dom Pedro de Alcântara como Regente e Defensor Perpétuo do Brasil - emitiu um Documento Eclesiástico,  cujo texto foi transcrito na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) - Tomo XLVII - Parte Primeira (página 121), no ano de 1884. O documento original foi doado pela família do historiador Wanderley de Pinho e está arquivado na instituição, onde existem outros documentos históricos sobre Cachoeira e o Recôncavo (www.ihgb.org.br) 





A Fazenda Santa Anna do Camizão referida no documento ficava onde está localizado atualmente o município de Ipirá, cujas terras pertenciam ao território da Vila de Caxoeira. A intervenção da Igreja Católica, inclusive com ameaças de excomunhão,  pelo poderio que essa instituição representava à época, não era incomum, tanto que o Aviso Eclesiástico - equivalente a um edital - foi incorporado aos autos do processo, no Tribunal da Relação da Bahia (o equivalente hoje ao Tribunal de Justiça), movido por D. Maria Angélica do Sacramento, provavelmente esposa do capitão José Joaquim Freire Souto, contra o então responsável pelo cartório e principal suspeito de sumir com os documentos.

Note-se que o Padre Manoel Jacinto é identificado como vigário encomendado.  No sistema  vigente na época, de união civil-eclesiástica, ficaram bem conhecidos os vigários colados e encomendados: 

 - Os vigários colados,  normalmente os mais ilustrados, prestavam concurso público e, se aprovados, recebiam a paróquia por colação e dela só saíam se quisessem, pois eram efetivos, e recebiam sua remuneração diretamente do poder civil que, por sua vez, recolhia o dízimo dos fiéis e por isso tinha a obrigação de sustentar o culto e seus ministros; 

- os vigários encomendados eram sustentados pelos próprios fiéis, administravam as paróquias em caráter interino e estavam mais submissos ao poder dos bispos. Os vigários encomendados faziam aumentar o poder dos bispos, que os transferiam constantemente, já que não podiam fazer o mesmo com os colados.
Os vigários colados eram menos comum no Brasil Colonial e,  mesmo depois da Independência, no Brasil Imperial quando já vigorava a reforma eclesiástica, que fortalecia o poder dos bispos.  


quarta-feira, 7 de julho de 2010

O CACHOEIRANO QUE PRESIDIU O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Em 13 de março último, como orador oficial da sessão solene com que  a Câmara Municipal de Cachoeira  comemorou os 173 anos de emancipação política da cidade,  destaquei e enalteci algumas das muitas figuras históricas que a Cidade Monumento Nacional gerou para o Brasil. Citei o engenheiro e reformador social André Rebouças, o músico Tranquilino Bastos, o jornalista Simões Filho, entre outros. Mas cabe acrescentar ainda outros nomes, como o jurista Teixeira de Freitas, a enfermeira Anna Nery, o poeta Castro Alves e a heroína Maria Quitéria. Há também o cachoeirano Carolino Leoni Ramos (1587-1931),  que presidiu a mais alta corte jurídica do país, o Supremo Tribunal Federal (STF). Era casado com D. Augusta Vilaboim de Leoni Ramos e pai do poeta Raul de Leoni (1895-1926) .  


Carolino Leoni Ramos (1857-1931)


As informações a seguir foram transcritas do site do Supremo Tribunal Federal (www.stf.jus.br):
 
Carolino de Leoni Ramos era filho de Adrião Joaquim Ramos e D. Maria da Glória Leoni Ramos, nasceu em 15 de junho de 1857 na cidade de Cachoeira, província da Bahia. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do Recife, onde recebeu o grau de Bacharel em 1879. Iniciou sua carreira na Magistratura com a nomeação de Promotor Público da comarca de Pilar, na província de Alagoas. Em decreto de 18 de maio de 1881, foi nomeado Juiz Municipal e de Órfãos do termo do Rio Claro, ato que ficou sem efeito pelo decreto de 21 de julho seguinte, nomeando-o para idêntico lugar no termo de Itaguaí.
           
Havendo terminado o quatriênio da lei, foi reconduzido ao cargo, em decreto de 25 de setembro de 1885. Em decreto de 13 de agosto desse último ano, foi nomeado Juiz Substituto da comarca de Itaguaí, cargo a que foi reconduzido, em decreto de 20 de julho de 1889.  Em 1889, foi nomeado Juiz de Direito da comarca de Vila Bela, em Pernambuco.  Em decreto de 10 de janeiro de 1890, o Governo Provisório designou-lhe a comarca de Joinvile para ter exercício do seu cargo, sendo removido para a de Santa Teresa de Valença, no Estado do Rio de Janeiro, em decreto de 12 de junho do referido ano.

Em decreto de 3 de fevereiro de 1892, foi declarado em disponibilidade, visto ter sido anulado o ato do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que o nomeou para a comarca de Santa Teresa de Valença. Foi eleito Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Valença, Deputado à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro para o triênio 1895-1897 e Vereador da Câmara Municipal de Niterói em 1904. Exerceu o cargo de Prefeito da referida cidade, que deixou em 1906.

Foi Chefe de Polícia da província do Ceará, em decreto de 18 de outubro de 1889; do Estado do Rio de Janeiro, na administração Alberto Torres; e do Distrito Federal, na administração Nilo Peçanha. Em decreto de 11 de novembro de 1910, foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal Federal, preenchendo a vaga ocorrida com o falecimento de João Pedro Belfort Vieira, e tomou posse no cargo a 23 seguinte.

Em sessão de 2 de abril de 1930, foi eleito Vice-Presidente do Tribunal e, em 25 de fevereiro de 1931, Presidente, cargo que pouco tempo exerceu, por ter falecido a 20 de março seguinte, na cidade de Niterói, onde residia. Seu corpo, transladado para a cidade do Rio de Janeiro, foi sepultado no Cemitério de São João Batista, sendo os funerais feitos às expensas do Governo da República, como derradeira homenagem a esse digno servidor da Nação.

Jorginho Ramos
07jul2010

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A SANTA CASA DE MISERICORDIA DE CACHOEIRA NO RELATÓRIO DO PRESIDENTE DA PROVÍNCIA DA BAHIA

Em sua FALA - uma espécie de relatório prestando contas e apresentando propostas - na  abertura da 2ª Sessão da 24ª Legislatura da Assembléia Provincial da Bahia, realizada  em 3 de abril de 1883, o Presidente da Província da Bahia (cargo equivalente ao do atual governador), Conselheiro Pedro Luiz Pereira de Souza,  deu destaque especial às atividades realizadas no exercício anterior pela Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira, que embora fosse uma instituição privada, recebia subvenções oficiais para prestar assistência médica à população.    


                                    
A Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira 


QUEM FOI O CONSELHEIRO PEDRO LUIZ

Uma das principais ruas do bairro do Rio Vermelho, em Salvador, tem o nome de Conselheiro Pedro Luiz Pereira de Souza (1839-1884). Ele foi advogado, jornalista, parlamentar, ministro de estado e poeta. Nasceu no Rio de Janeiro e  era tio de Washington Luis, que veio a ser Presidente do Brasil, entre 1926/1930. Pedro Luiz foi deputado e presidiu a Província da Bahia entre 1882/1884. Foi também Ministro de Negócios Estrangeiros e interino da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Ao assumir este cargo, nomeou um modesto funcionário de carreira do Ministério  para ser seu Chefe de Gabinete. Era nada mais nada menos que Machado de Assis, a quem se ligou intelectualmente e de quem se tornou amigo. Foi um gesto que significava a garantia de que não deve ter saído de  sua mesa nenhum ofício, relatório ou o mais simples e desimportante despacho burocrático,  sem uma revisão arguta do Bruxo Velho da nossa literatura, já nessa época revisor de jornais ! Ou seja: a possibilidade de qualquer  erro de redação ou concordância em documentos oficiais do Ministério era ZERO ! Pedro Luiz foi nomeado Conselheiro do Império em 1880 e tinha uma razoável produção literária (poesia e ensaios) que anos mais tarde lhe seria útil para entrar na história da literatura brasileira. Em 1897 quando Machado de Assis e Lúcio de Mendonça organizavam a criação  da Academia Brasileira de Letras o nome de Pedro Luiz, que havia morrido em 1884, aos 45 anos, foi escolhido para ser o patrono da Cadeira Nº 31.

O Este quadro que retrata o Conselheiro Pedro Luiz (1839-1884)
está no Salão Nobre da Associação Comercial da Bahia




A leitura dos trechos nos quais é citada a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira permite-nos algumas observações: a cidade estava sofrendo  à época uma epidemia de varíola e embora a instituição tivesse um patrimônio considerável,  com casas térreas, sobrados e terrenos espalhados por toda a cidade, foi registrado um certo equilíbrio entre e receita e a despesa.