segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

VIDA E OBRA DE TRANQUILINO BASTOS SERÃO RESGATADAS EM LIVRO

O Diário Oficial do Estado da Bahia publicou em  22 de dezembro último, reportagem anunciando  o lançamento, no próximo semestre, do livro "O Semeador de Orquestras - História de um maestro abolicionista", que vai apresentar a vida e a obra do maestro cachoeirano Manoel Tranquilino Bastos. O livro é de autoria do editor deste "blog".

(clique nas imagens para facilitar a leitura)


O lançamento está previsto para acontecer em  abril e  ocorrerá em duas oportunidades: em Salvador e em Cachoeira.

domingo, 19 de dezembro de 2010

HISTÓRIA DE UM PRESÉPIO INICIADO EM CACHOEIRA

Presépio armado por D. Gisélia Ramos, em Cachoeira (1955) 
(Arquivo da família)
O Blog do Rio Vermelho, criado e mantido pela jornalista Carmela Talento, destacou entre as suas reportagens publicadas recentemente a história do Presépio da família Ramos, que começou a ser montado em Cachoeira pela primeira vez no ano de 1955.  Era uma criação de D. Gisélia,  seu esposo o Sr. Souza Ramos e toda a família,  que moravam no sobrado nº 41 da Rua 13 de Maio. A tradição do presépio foi mantida ao longo dos anos e chegou aos dias atuais, sendo montado atualmente no bairro do Rio Vermelho em Salvador. Com ela, renasce a cada ano todo o significado presente na livre recriação de um momento especial da história da humanidade. Em torno do presépio reunem-se as famílias, amigos e a comunidade. E não só para admirar a  beleza, criatividade ou engenhosidade, mas sobretudo para um momento de reflexão acerca da magia do Natal, com suas festivas cores e alegria, o espírito de solidariedade e tudo o mais que ele emblematicamente  representa: a esperança de que as pessoas  exercitem o  amor ao próximo e o mundo conquiste a PAZ !.  

Confiram o "post" do Blog do Rio Vermelho:

PRESÉPIO DA FAMÍLIA RAMOS, BONITO DE SE VER ".

Um dos mais bonitos presépios montados em casa é sem dúvida o de Jorginho Ramos, jornalista, morador do Rio Vermelho, responsável em dar seguimento à tradição da família há 55 anos. Confira abaixo a história desse presépio contada pelo próprio Jorginho.



"O presépio é uma tradição da família Ramos há 55 anos. A minha mãe armou a primeira vez em 1955, ano em que nasci, em Cachoeira. Na ampla sala de um sobrado colonial o presépio era armado por toda a família. Era uma festa e recebíamos em casa centenas de visitantes. Era um ritual.

Na década de 90 quando minha mãe ficou doente e impossibilitada fisicamente, resolvi manter a tradição e montava um presépio menor em meu apartamento. Com o tempo ele foi crescendo e adquirindo peças e mais peças, inclusive presépios pequenos feitos em madeira, palha, vidro, barro, louça, fibra e todo tipo de material. Os amigos se encarregaram de trazer mais e mais presépios de toda parte do mundo. Hoje existem nele, presépios e elementos de mais de 10 países, entre os quais Angola, Portugal, Espanha, Croácia, Itália, Chile, Argentina, Israel. E mais, presépios de toda parte do Brasil e nos mais diversos formatos. São quase cinquenta presépios , que com a centena de outros elementos (miniaturas de animais, objetos e de pessoas principalmente...) formam um vasto e amplo painel, com paisagens brasileiras. Tem até uma miniatura em chumbo de Machado de Assis, que coloco visitando um dos presépios. Certamente, o bruxo de nossas letras estava inspirado no ambiente natalino ao escrever o clássico Missa do Galo, um dos grandes momentos de nossa literatura.

Além disso desenvolvi uma tecnologia própria , com prateleiras leves e módulos ajustáveis que se encaixam facilmente e não precisam de furos na parede para se sustentarem. Elas sustentam umas às outras e são montadas já com uma iluminação cênica nos seis andares do presépio (cada uma de uma cor). A montagem do presépio dura em média duas semanas e a cada ano há sempre novidades. A renovação é uma das marcas desse presépio que é armado por toda a família.

Também fazemos casinhas de papelão e peças de artesanato que são utilizadas na recriação de ambientes. Acho importante manter essa tradição porque ela agrega não só a família, mas parentes e amigos que vêm visitá-lo. E a representação do nascimento de Cristo é uma autentica tradição luso-brasileira , ligada à cultura e à nossa formação religiosa, que precisa ser resgatada. Do presépio original restam três peças (biscuits)."

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

FUNDAÇÃO HANSEN BAHIA REINAUGURA SEDE EM CACHOEIRA

AVISO : É livre a transcrição dos textos e gravuras. Pede-se que,  por honestidade, seja citada a origem.  

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Este blog recebeu e reproduz abaixo CONVITE da Fundação Hansen Bahia  para a  reinauguração, na sexta-feira (17 de dezembro ), de sua sede, na Rua 13 de Maio, em Cachoeira. 

(clique na imagem para facilitar a leitura) 


Com a reforma de suas instalações a Fundação Hansen Bahia irá retomar e ampliar suas atividades culturais na cidade com eventos, cursos  e exposições,  dando assim continuidade ao sonho desse artista alemão que amava a cidade de Cachoeira e legou para ela  grande parte de todo o acervo de sua criativa existência. Hansen expressou em sua obra  toda a dimensão humana e registrou com maestria através do entalhe da xilogravura aspectos culturais, sociais e antropológicos, captados com sua sensibilidade rara ao longo de sua existência. Revelou-se o maior artista desse gênero e  suas obras espalham-se  por  dezenas de museus mundo afora. Hansen adotou o Bahia ao seu sobrenome pelo amor desmedido à essa terra e passou os últimos anos de sua vida em Cachoeira e São Félix.

Jorge Amado, de quem foi amigo dileto, assim o definiu : "Feliz terra é a Bahia, feliz como uma dessas mulheres de beleza definitiva  que tem imediatamente a seus pés os homens. Que dizer do gravador ? Assim, humildemente,  reduzo-me a dizer  que suas gravuras me comoveram profundamentee é o poder de comover a marca do artista, a medida do artista".

Sede foi reformada e volta a abrigar atividades culturais 



Puxada de Rede, uma das xilogravuras de Hansen Bahia

Quem foi :     Nascido na Alemanha em 1915, Karl Heinz Hansen foi marinheiro e lutou como soldado na II Guerra Mundial onde, nas horas de folga, começa  a pintar para aliviar o drama de estar envolvido na carnificina que o horrorizava. Após o conflito, trabalha em artes gráficas  e produz suas primeiras xilogravuras, expondo em Estocolmo, na Suécia. Trabalha com cinema e e faz roteiros para filmes anti-bélicos e livros para crianças , para lhes mostrar os horrores da guerra. Em 1951 migra para o Brasil,  onde leciona e faz exposições  de sua s xilogravuras no Museu de Arte de São Paulo. Suas obras logo adquirem grande conceito e ele torna-se um artista conhecido no mundo das artes. Em 1955 apaixona-se pela Bahia e muda para cá onde se torna um dos destaques da geração de ouro de artistas e intelectuais, que reunia também Jorge Amado, Calazans Neto, Pierre Verger, Carybé, Carlos Bastos, Jenner Augusto  e Genaro de Carvalho,   além de muitos outros nomes. Suas obras ganham dimensão internacional e passa expor e ter obras no acervo fixo de museus da Alemanha, Suíca, Bélgica, Estados Unidos, Portugal, França, Holanda, Suécia, Áustria e outros países. É nessa década que adota o sobrenome "Bahia" para expressar a gratidão pela terra que adotou e foi adotado  ("Tudo o que sei e sou, devo à Bahia", costumava repetir) e também lhe serviu de inspiração. 

Aqui retrata o universo dos mercados e feiras livres, das putas e cabarés, erecria com sua sensibilidade as imagens dos navios negreiros, dos pescadores e trabalhadores do cais, dos retirantes da seca, das pensões  baratas e dos rituais  religiosos do candomblé e de cerimônias católicas, como os atos da agonia de Cristo na "Via Crucis", entre outros temas.

Nos anos 70, Hansen muda-se para São Félix,  de onde segundo ele podia apreciar a beleza de Cachoeira e do Vale do Paraguaçu, paisagem que o encantou a  ponto de deixar para a cidade o conjunto de sua obra.  Morre em 1978. 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DO MONTE: UMA DEVOÇÃO DE QUASE TREZENTOS ANOS EM CACHOEIRA

No desenho de Tom Maia, a graciosidade da Igreja do Monte

A comunidade católica de Cachoeira celebra com novenário e festejos solenes - no dia 8 de Dezembro - a festa em louvor a Nossa Senhora da Conceição do Monte. Trata-se de uma das mais antigas devoções da cidade, havendo registros  de que a festa já era realizada no Século XVIII, mais exatamente em 1746 , ou seja há pelo  menos 264 anos. O seu templo,  num dos locais mais aprazíveis da cidade,  é um dos monumentos mais expressivos da arquitetura colonial de Cachoeira. Nele, coexistiram a própria Irmandade  da Conceição do Monte e  também as devoções a São Benedito - responsável pela Banda Marcial, uma das primeiras filarmônicas de Cachoeira - e a Santa Cecília, existente até hoje. Foi na sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte que em 1870 o músico Tranquilino Bastos criou a segunda filarmônica mais antiga da Bahia, a Sociedade Cultural Orpheica Lyra Ceciliana.

Sobre o templo, Aristides Milton  (1848-1904) no clássico "Ephemerides Cachoeiranas" revela que "... em 1746 ficou prompta a Casa de Oração, que alguns devotos levantaram no logar conhecido como Monte e foi consagrada à Conceição de Nossa Senhora. O capitão José Gonçalves Fiúsa edificou depois, no dicto sítiouma Capella de que fez doaçãoà mesma Virgem,  no anno de 1874. Debaixo da administração de Manuel Freire de Almeida, entretanto,  novas obras foram iniciadas para aformosear esse templo, que em 1796  estavam quasi concluídas. Mas, ao  devoto Antonio José Bellas coube a fortuna de pôr-lhes o devido remate.
Contudo, só em 1846 se poude construir a torre da mesma egreja, graças ao zelo dos mezarios da respectiva irmandade, dentre os quais muito salientou-se o capitão José Antonio Dantas, fallecido em 1893 na villa de São Gonçalo dos Campos."     

Em 1866 o cachoeirano Epiphânio Meirelles (1833-1872),  que era subdelegado  e um profundo conhecedor e pesquisador da história de Cachoeira,  escreveu um resumo histórico sobre a cidade,  a pedido de Alexandre José de Mello Moraes  (1816-1882), que o incluiu em seu livro Brasil Histórico. Nesse documento, cujos originais estão na Biblioteca Nacional (RJ), Epiphânio  Meirelles descreve,  entre outros monumentos, a Igreja do Monte:

Obs: É LIVRE A TRANSCRIÇÃO DESDE QUE SEJA CITADA A FONTE