terça-feira, 26 de abril de 2011

PARA JOAQUIM NABUCO O CACHOEIRANO ANDRÉ REBOUÇAS FOI O "MAIOR" DOS ABOLICIONISTAS

Para Joaquim Nabuco o papel de André Rebouças
 foi fundamental na luta aboliconista:  "Ele foi o maior"

Uma das figuras centrais da luta contra a escravidão no Brasil é o pernambucano JOAQUIM NABUCO (1849-1910), parlamentar, diplomata e escritor, que em suas obras e memórias destaca as principais personalidades do seu tempo envolvidas na luta abolicionista. Em "Minha Formação", um livro clássico no qual Joaquim Nabuco faz um histórico da causa que o levou a se transformar numa das mais personalidades  mais proeminentes da história brasileira,  ele dedica um longo trecho ao engenheiro e empresário  ANDRÉ REBOUÇAS, nascido em Cachoeira  no ano de 1883, com quem manteve uma longa amizade. A admiração de Joaquim Nabuco por seu amigo e companheiro de lutas leva-o a considerá-lo como uma espécie de "cérebro" do movimento. Enquanto ele e outros abolicionistas de destaque como José do Patrocínio travavam "combates" na tribuna parlamentar, na imprensa e em comícios de rua, André Rebouças atuava nos bastidores, planejando e organizando ações e elaborando projetos para, após a abolição, incluir a população negra na sociedade brasileira. André Rebouças entendia que  a abolição pura  e simples, sem uma distribuição de terras e sementes (reforma agrária) para garantir trabalho aos libertos e sem escolas (ensino público e gratuito) para os  filhos dos ex-escravos, iria significar a perpetuação da miséria no Brasil. Ele defendia também que os ex-escravos é quem deveriam ser indenizados e não os fazendeiros.

Para  André Rebouças  a abolição teria de ser 
da escravatura e também da miséria
 Ao citar em seu livro de memórias  os principais  líderes da campanha abolicionista Joaquim Nabuco exalta o papel de André Rebouças:    
 
Revoltado com a deposição e o banimento de Dom Pedro II, André Rebouças o acompanha,  por  iniciativa  própria,  ao exílio, embarcando com toda a família imperial no navio "Alagoas" em 17 de novembro de 1889. Na Europa, André Rebouças trabalha como jornalista (escreveu artigos remunerados para o  jornal inglês The Times) e mantém permanente contato com o ex-imperador, como consta dessa carta, referida por Joaquim Nabuco.

As ligações de afeto entre Dom Pedro II os irmãos Rebouças (André e Antonio, ambos engenheiros) tinha raízes familiares. O pai deles, o advogado Antonio Rebouças, tinha sido deputado e uma espécie de leader do monarca no Parlamento. 
Ao se engajar na luta abolicionista André Rebouças formulou diversas ações  para a fuga de escravos.  Como a descrita abaixo em que traça um plano mirabolante para levar escravos  retirados das fazendas de café de São Paulo para o Estado do Ceará, província do Norte, (o conceito de "Nordeste" não existia à época) que já havia libertado todos os escravos desde 1884. 



O idealismo de André Rebouças, seu empenho pessoal e seu total ngajamento na campanha anti-escravagista são valores destacados neste perfil traçado por Joaquim Nabuco.


Após uma temporada na Europa, André Rebouças seguir para a África. Passou algum tempo em Angola e depois foi para a Ilha da Madeira, onde morreu em 1898. Seu corpo apareceu na base de um penhasco à beira-mar, na cidade de Funchal. Acredita-se que a depressão causada pelo longo exílio o tenha levado ao suicídio. Outra versão é de que a morte tenha sido acidental, causada pela  queda do alto do despenhadeiro.

Pesquise neste blog outra postagem sobre o cachoeirano André Rebouças :
http://vapordecachoeira.blogspot.com/2009/11/o-cachoeirano-que-pregou-o-fim-da.html








quinta-feira, 21 de abril de 2011

OS 180 ANOS DA "REVOLTA DE GUANAES MINEIRO", QUE ABALOU CACHOEIRA E SÃO FÉLIX

As cidades históricas de Cachoeira e São Félix não podem deixar de lembrar o aniversário, em fevereiro de 2012, da Revolta de Guanaes Mineiro, um episódio que embora muito pouco conhecido da história do Brasil, representou uma das primeiras tentativas de acabar a monarquia e implantar o sistema republicano e federativo no Brasil. Este blog lança aqui uma campanha que visa sensibilizar as prefeituras das duas cidades, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, através de Fundação Pedro Calmon (FPC), e o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IHGBa) para que elaborem em conjunto uma programação comemorativa dos 180 anos dessa revolta, com o objetivo de divulgar e debater entre historiadores, estudantes e as duas comunidades essa importante data histórica.
.
A Revolta de Guanaes Mineiro começou em São Félix
O Brasil não tinha completado ainda dez anos de independente quando em 17 de fevereiro de 1832 o Juiz de Paz do Arraial de São Félix, e vereador de Cachoeira, Capitão Bernardo Miguel Guanaes Mineiro liderou uma revolta de cunho federalista, rompendo com o Governo da Regência e proclamando a República. Naquele dia em uma assembléia popular realizada na Praça do Progresso (atual Inácio Tosta), em São Félix ele lançou as bases do movimento e recebeu muitas adesões. Em seguida, à frente de centenas de pessoas armadas, Guanaes Mineiro invadiu Cachoeira. Alarmada e em pânico a população fugiu e as autoridades  buscaram refúgio em Salvador e nas vilas próximas. Os revoltosos não encontraram nenhuma resistência e com a vila  esvaziada, acamparam no Convento do Carmo e ocuparam o prédio da Câmara, onde realizaram uma "sessão" lançando um vigoroso manifesto com 24 ítens em que, entre outros anúncios, proclamava o sistema federativo, convocava uma assembléia constituinte, criava uma junta provisória e implantava uma forma de governo republicano. E, ainda, pregava a soltura dos presos, a deportação dos portugueses que não fossem casados com brasileiras e o fuzilamento de Dom Pedro I, caso voltasse ao Brasil. No ano anterior, o primeiro imperador do Brasil havia abdicado do trono e voltado para Portugal. O Brasil era então governado pela Regência Trina Permanente, pois o herdeiro do trono imperial tinha seis anos. 

Dom Pedro II tinha seis anos em 1832
 
As principais autoridades de Cachoeira haviam fugido para buscar reforços em Salvador e comunicar a rebelião ao presidente da Província da Bahia, Honorato de Barros Paim.  Após uma semana em que Cachoeira permaneceu ocupada e sendo governada pelos revoltosos, as forças legalistas lideradas pelo Coronel Rodrigo Brandão, o "Barão de Belém", (que havia tido papel de destaque na Guerra pela Independência, em 1822) cercaram Cachoeira e após renhidas batalhas, em que houve mortos e feridos, conseguiram reprimir o movimento federalista, prendendo os principais líderas da rebelião. Cachoeira recebeu com foguetes e repicar dos sinos a entrada triunfal das tropas legalistas. Guanaes Mineiro e os principais líderes foram levados para Salvador e aprisionados no Forte São Marcelo, onde no ano seguinte  se rebelaram novamente e foram outra vez reprimidos.    

O Barão de Belém comandou a repressão aos revoltosos

      

sexta-feira, 15 de abril de 2011

ANÍSIO TEIXEIRA IMPLANTOU EM CACHOEIRA UM MODELO DE ESCOLA PÚBLICA

Em 26 de março de 1928 o educador Anísio Teixeira (1900-1971), que ocupava então o cargo de Diretor Geral da Instrução Pública da Bahia (cargo equivalente hoje ao de Secretário da Educação) inaugurava a Escola Primária Superior de Cachoeira. A inauguração ocorreu nos últimos dias do governo Goes Calmon.
 
Era um estabelecimento modelar, pioneiro na época, que o governo do estado pretendia expandir para todo o estado e desenvolver assim a área educacional. Concebido pela mente privilegiada de Anísio Teixeira -  que a História viria  a consagrar como o maior educador brasileiro - o modelo de escola implantado em Cachoeira em 1928, já era uma proposta pedagógica inovadora,  que mesclava em tempo integral ensinamentos práticos ao ensino teórico, dando aos alunos também noções de cidadania, partindo da concepção de que o ensino público de qualidade é o instrumento para se atingir  a democratização da sociedade. 

Anísio Teixeira tinha 28 anos quando dirigia a Educação na Bahia

Pode-se dizer, sem medo de errar, que a Escola Primária Superior de Cachoeira foi o embrião da proposta da Escola Parque, que o próprio Anísio Teixeira viria a implantar mais tarde (1950) quando foi secretário da Educação do governador Octávio Mangabeira e revolucionou o ensino brasileiro, tendo servido de inspiração para Darcy Ribeiro implantar quase seis décadas mais tarde o modelo de escola em tempo integral no Rio de Janeiro, no governo Leonel Brizola, com a criação dos CIEP's.


Essência do pensamento de Anísio Teixeira



A solenidade de inauguração foi noticiada pelo jornal cachoeirano A ORDEM em sua edição de 31 de março daquele ano.  No texto da notícia, referência aos  professores da nova escola:  Edmundo Belfort, Augusto Públio (então recém-formado em Medicina) e Ursulina Gonçalves Pereira.

(clique na imagem para facilitar a leitura)
O jornal destaca a iniciativa de Anísio Teixeira

       

quarta-feira, 13 de abril de 2011

PACHECO DE OLIVEIRA : UM SENADOR CACHOEIRANO

Cachoeira é o berço de grandes figuras que se destacaram, ao longo do tempo, em vários ramos de atividades, como o direito, as artes, o comércio, a literatura, o jornalismo, a educação e a política. Neste ramo, em particular, o nome mais destacado nos dias de hoje é o da Senadora Lídice da Matta. Mas no passado houve outros senadores cachoeiranos como o Francisco Gomes Brandão (1794 - 1870),  herói da Guerra pela Independência do Brasil. Após a  Independência,  ele adotou o nacionalíssimo nome de Francisco Gê Acaiaba Montezuma, e veio a ser mais tarde agraciado com o título de Visconde de Jequitinhonha. Ele não nasceu propriamente em Cachoeira -  é de Salvador - mas foi figura destacada no episódio do 25 de Junho de 1822, tendo sido enviado ao Rio de Janeiro para comunicar a Dom Pedro I que a Vila de Cachoeira o aclamara Príncipe Regente e Defensor Perpétuo do Brasil e que, por isso, fora bombardeado por tropas portuguesas, dando início assim à luta armada pela Independência do Brasil. Ali naquele momento ele iniciava a sua carreira política. Durante o Império, Montezuma foi Senador pela Bahia. Era considerado um grande orador e articulista político, que defendia a libertação dos escravos, a curto prazo e sem indenização para os proprietários. Foi também Ministro da Justiça e fundador do Instituto dos Advogados Brasileiros, sendo patrono da atual Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 

Outro senador cachoeirano de atuação relevante, mas já no período republicano, foi Pacheco de Oliveira.  Este é o verbete sobre ele existente no Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro, publicado pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC). da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que pode ser encontrado  também no site http://cpdoc.fgv.br .

(Clique nas imagens para facilitar a leitura)












quinta-feira, 7 de abril de 2011

CONSELHO APROVA INCENTIVOS FISCAIS PARA INDÚSTRIAS QUE SE INSTALAREM EM CACHOEIRA

Conselho Municipal de Cachoeira (1922)
 No ano de 1922 o Conselho Municipal (nome com que então se designava as atuais Câmaras de Vereadores) de Cachoeira tomou uma série de medidas de sua competência em benefício da cidade, entre as quais a concessão de incentivos fiscais  para atrair a implantação de indústrIas para o município. A ata abaixo transcrita refere-se à primeira sessão daquele ano, realizada em 05 de janeiro, e foi publicada no jornal A ORDEM seis meses depois, em 3 de junho de 1922. Entre os conselheiros  municipais (vereadores, na época) estão os nomes de figuras que fazem parte da história de Cachoeira, como Cândido Vacarezza (médico e  empresário, que viria a ser por duas vezes intendente/prefeito da cidade), o poeta, escritor e jornalista Pacheco de Miranda Filho, o comerciante e exportador de fumo Albino José Milhazes e o funcionário público Modesto Simões, tio do jornalista Ernesto Simões Filho, que fundou em 1912 o jornal A TARDE.    


Cândido Elpídio Vacarezza (Presidente do Conselho)
Conselheiro Albino José Milhazes
Conselheiro Pacheco de Miranda