sábado, 30 de julho de 2011

UM JORNAL A SERVIÇO DOS INTERESSES DA POPULAÇÃO CACHOEIRANA

O jornal O GUARANY, fundado em 1876 por Augusto Motta e João Casimiro e cuja redação e oficinas funcionavam na Rua da Matriz Nº 13, em Cachoeira, foi um dos mais importantes órgãos de imprensa da Província da Bahia. Ao contrário de outros jornais da época abria espaços para reivindicações populares e trazia informações bastante objetivas, usando uma linguagem direta para se comunicar com seus leitores. Em sua edição de 3 de outubro de 1879 reclama da sujeira na cidade, cujas ruas, praças e becos estão imundos e lodosos, tal a quantidade de de cisco (lixo) e até excrementos que nelas atiram. O jornal pede providências às autoridades contra a sujeira e o lixo que em nada aformoseiam (a cidade) e são prejudiciais à saúde pública.

clique na imagem para facilitar a leitura
 

  

Algumas curiosidades sobre esta edição merecem ser destacadas: 
Na parte referente ao "noticiário" há uma breve nota informando que no dia seguinte (um sábado !) deveria ser realizada uma sessão da Câmara Municipal de Cachoeira. 
Outra notícia é o aniversário da Filarmônica Comércio (antecessora da Minerva Cachoeirana), que seria comemorado no domingo seguinte com uma missa em louvor à padroeira, Nossa Senhora do Rosário.    
Entre os anúncios, um refere-se ao abolicionista Manoel Paulo Teles de Mattos, coronel da Guarda Nacional e comerciante, em cujo "armazém de molhados" podia ser encontrada a preço módico "pimenta do reino nova". Trata-se do pai do consagrado jornalista cachoeirano Manoel Paulo Filho (ver neste blog),  que veio a ser  Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). 
A interação com o público leitor pode ser constatada numa nota publicada na secção "A Pedido", em  que são solicitadas providências das autoridades contra os "talhadores de carne" (açougueiros), que estariam vendendo "carne verde" de animais doentes, ameaçando assim a saúde pública. Pode-se ler ainda críticas à insegurança pública, com desordeiros como o Cabo Braga e os larápios que infelizmente infestam esta cidade.   
O criador e redator do jornal era Augusto Motta, que na época tinha 19 anos. Ele iniciou carreira no jornalismo trabalhando em O PROGRESSO, jornal fundado pelo seu pai - que tinha o mesmo nome - alguns anos antes em Cachoeira.    
Augusto Motta (1860-1888) é o Patrono dos jornalistas cachoeiranos









Um comentário:

  1. Jorginho, acabei de ler uma cacetada de matérias publicadas por você neste fantástico Vapor. Salvei algumas fotografias para meu arquivo pessoal, registrados com os devidos créditos da fonte. Impressiona-me a profundidade com que você trata os assuntos publicados. Tenho a sensação de sentir saudade de um tempo que não vivi, ou - sei lá - sentir o desejo de ter vivido aquela época, e não agora. Espero, no entanto, que o que hoje fazemos seja visto futuramente com o mesmo olhar e sensação espiritual que olhamos e sentimos o que aqueles velhos cachoeiranos fizeram. Meu sonho é que Cachoeira nunca deixe de ser velha, nova.
    CACAU NASCIMENTO - CACHOEIRAONLINE

    ResponderExcluir

Faça um comentário