sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

HÁ 109 ANOS MORRIA ARISTIDES MILTON, UM NOTÁVEL JURISTA E HISTORIADOR CACHOEIRANO

Em 26 de janeiro de 1904 morria aos 56 anos no Rio de Janeiro o jurista, historiador, jornalista e político cachoeirano Aristides Milton. Em gratidão, os cachoeiranos deram o nome de Praça Dr. Milton a um dos principais logradouros da cidade, o outrora chamado Largo da Regeneração, onde fica a Santa Casa de Misericórdia e um dos principais monumentos históricos da cidade, o chafariz datado de 1826. Nascido em Cachoeira, em 29 de maio de 1848, foi colega no Ginásio da Bahia, e mais tarde na Faculdade de Direito do Recife, de dois outros baianos que viriam a se tornar ilustres: o poeta Castro Alves e o jurista Ruy Barbosa. Após se formar, voltou à Bahia e foi nomeado juiz de Direito em Santa Isabel do Paraguaçu (atual cidade de Mucugê) e mais tarde exerceu o mesmo cargo em Maracás. Militou na imprensa de Salvador como redator do Correio da Bahia e em sua cidade natal fundou o Jornal da Cachoeira. Ocupou os cargos de Chefe de Polícia de Sergipe e Presidente da Província de Alagoas. Foi filiado ao Partido Conservador, pelo qual se elegeu deputado provincial e mais tarde deputado geral (cargo hoje denominado deputado federal) por várias legislaturas. Com a proclamação da República foi eleito para integrar a Assembleia Constituinte de 1891. Seu vasto conhecimento jurídico levou-o a se destacar como um dos principais redatores da primeira Constituição republicana.   
Aristides Milton (1848-1904). 
(Foto do acervo de Erivaldo Brito).
Aristides Milton teve também uma intensa participação na vida cultural e social de Cachoeira, tendo sido um dos criadores do Montepio dos Artistas Cachoeiranos, entidade que congregava os artesãos da cidade nas lutas políticas, como o abolicionismo, e em ações humanitárias através de instrumentos como o pecúlio, aposentadoria e pensão, numa época em que inexistia o sistema de previdência pública. Foi também, por sete anos, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira, cargo em que se revelou  um excelente gestor, ampliando a receita e diminuindo as despesas, saneando as  finanças e obtendo com seu inegável prestígio subsídios para ampliar  os  mecanismos de assistência social na região. Foi também um profundo pesquisador da história de Cachoeira, tendo escrito Ephemérides Cachoeiranas, onde estão compilados com absoluto rigor os principais fatos históricos da cidade desde a chegada de colonos portugueses ao aldeamento indígena que existia no Rio Paraguaçu e que deu origem à Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, no final do Seculo XVII. 
Aristides Milton escreveu ainda os seguintes livros A República  e a Federação no Brasil e  A Constituição do Brazil - Notícia Histórica, Texto e Comentário, considerado o principal estudo sobre o teor da Constituição de 1891, da qual foi um dos redatores. 


Outro importante livro foi A Campanha de Canudos, fruto de exaustiva pesquisa feita a pedido do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), entidade de que era sócio. Este livro de 1897, um "relato minucioso, direto e objetivo" da guerra no sertão baiano, antecedeu ao lançamento de Os Sertões , obra prima de Euclides da Cunha. 


Após o seu falecimento, o IHGB prestou-lhe uma homenagem, e a todos os demais sócios que morreram naquele ano, em sessão solene na qual o orador foi um seu discípulo o Desembargador Antonio  Ferreira de Souza Pitanga.  Eis o trecho desse discurso, publicado no Tomo LXVII da Revista do IHGB (1905), na parte que se refere a Aristides Augusto Milton: