quinta-feira, 28 de março de 2013

ARCEBISPO ORIENTA SANTA CASA DE CACHOEIRA SOBRE BATIZADO DE CRIANÇAS "ENJEITADAS"

Respondendo a uma consulta feita pela Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira e pelo Padre Francisco Manoel dos Santos, "vigário colado" da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, no ano de 1849, o Arcebispo da Bahia e Cardeal Primaz Dom Romualdo Seixas (1787-1860) esclareceu que o batizado dos "engeitados" (nome que era dado à época às crianças recém-nascidas que eram abandonadas) somente poderiam receber o sacramento do batismo diretamente do sacerdote. A Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira mantinha na sua estrutura uma creche para abrigar essas crianças, dando-lhes alimento, remédio e educação, até que fossem encaminhadas a um lar adotivo e pretendia batizá-las sem a presença de um sacerdote católico.  A comunicação do arcebispo foi feita através de ofício, encaminhado ao Padre e à direção da Santa Casa e publicado no jornal O NOTICIADOR CATÓLICO, mantido pela Arquidiocese da Bahia. A leitura do texto permite algumas conclusões, como a de que era muito forte o preconceito contra as "inocentes vítimas do crime", como o arcebispo se refere aos menores abandonados. Na correspondência ao padre, Dom Romualdo esclarece que o batismo é prerrogativa dele mas acena com a possibilidade de que ele transfira eventualmente este poder ao capelão da Santa Casa "mediante as cláusulas que V. S. julgar convenientes para conservação dos seus direitos".  

(Clique nas imagens para facilitar a leitura)


Dom Romualdo Seixas foi um dos homens públicos mais influentes e habilidosos do seu tempo.  Recebeu o título nobiliárquico de Marquês de Santa Cruz e foi eleito deputado. Nessa condição ocupou o cargo de Presidente da Câmara de Deputados. Foi nomeado arcebispo da Bahia por Dom Pedro I e confirmado pelo Papa Leão XII. Como ocupava o cargo de titular da primeira ("primaz") arquidiocese do Brasil, presidiu a solenidade de coroação do Imperador Dom Pedro II. Embora fosse um alto prelado católico, ligou-se à Maçonaria,  numa época em que a Igreja Católica combatia  essa instituição. 
Dom Romualdo Seixas, o 16º Arcebispo da Bahia. 



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