terça-feira, 29 de setembro de 2015

"FILÓSOFO" E POETA JUDEU-RUSSO FOI A CACHOEIRA DIVULGAR A COMIDA VEGETARIANA E HÁBITOS SAUDÁVEIS

Em 1918 Cachoeira recebeu a visita do cidadão russo Eliezer Kaminetzky (sobrenome assim grafado pelo jornal cachoeirano O NORTE, que publicou reportagem sobre ele...), adepto  do vegetarianismo. Ele percorria o mundo realizando conferencias e distribuindo material de divulgação sobre o  que na época era chamado de "naturismo", ou viver de acordo com a Natureza. Eliezer Kamenesky,  como seu nome também era conhecido em Portugal, onde mais tarde fixou residência, foi  professor, poeta, músico e ator, e se transformou em amigo do poeta português Fernando Pessoa, que escreveu o prefácio de um dos seus livros ("Alma Errante" - 1932). Na época da visita a Cachoeira ele estava com 30 anos e já tinha em sua peregrinação para divulgar hábitos e alimentação saudáveis percorrido alguns países como a  Itália, Síria, Egito, Arábia, Índia e Estados Unidos. No Brasil, além da Bahia ele esteve na Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro  fazendo conferências e criando entidades como a Sociedade Vegetariana da Bahia e similares nos demais estados.
Ele nasceu em território hoje pertencente à Ucrânia e era judeu-russo. Aos 14 anos fugiu de casa para acompanhar uma companhia de ópera ambulante. Contava que levado pelas suas observações da Natureza e pela influência das leituras de obras dos filósofos gregos, do franco-suíço Jean - Jacques Rousseau e do russo Leon Tolstoi, abandonou o que chamava "vestes caricatas da civilização", tornando-se uma espécie de apóstolo da vida natural e do vegetarianismo. Em Cachoeira, Eliezer Kaminetzky manteve contato com o maestro Manuel Tranquilino Bastos (1870-1935), que era vegetariano e também praticante da homeopatia.  Este é o registro da presença dele em Cachoeira e da entrevista que o "FILÓSOFO RUSSO" concedeu ao jornal O  NORTE :




 Ele morreu em Lisboa, aos 69 anos, em 1957.


29. set.2015

sábado, 19 de setembro de 2015

A FEIRA LIVRE DE CACHOEIRA, QUE IMPRESSIONOU O SOCIÓLOGO FRANCÊS ROGER BASTIDE

Esta foto foi enviada pela cachoeirana Edith Silva para a Revista "O CRUZEIRO" e publicada na edição de 19 de dezembro de 1931. A revista, que revolucionou a imprensa brasileira, tinha surgido em 1928 e entre as muitas novidades que introduziu na relação com seus leitores estava essa "interatividade" (vista aos olhos de hoje): estimulava que eles enviassem fotografias de paisagens e aspectos humanos de suas cidades. A foto mostra a Praça Dr. Milton, onde funcionava na época a feira livre livre de Cachoeira.
Olhando detidamente a foto, lembrei-me do sociólogo francês Roger Bastide (1898-1974), integrante da missão francesa de professores, vinda para implantar a Universidade de São Paulo (USP) e que ficou morando no Brasil por vinte anos, tendo se especializado em religiões afro-brasileiras, em especial o candomblé. Nos anos 50 ele veio à Bahia (e esteve em Cachoeira), visitando terreiros de candomblé, conhecendo seus ritos, fundamentos e conversou com pais-de-santo e mães-de-santo, além de adeptos dessa religião. Suas observações resultaram no livro "Candomblé da Bahia", um clássico no gênero, editado em 1958 (e que na edição brasileira teve prefácio de Fernando Henrique Cardoso). Nele, Bastide, reconhecido como uma das maiores autoridades mundiais em estudos religiosos de origem africana, afirma que a feira livre de Cachoeira e também a de outras cidades do Recôncavo lembravam-lhe a África, com a mesma paisagem humana.


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

"AS GLÓRIAS DA CACHOEIRA", UM DOBRADO PARA PIANO COMPOSTO POR TRANQUILINO BASTOS




Em 1877 o maestro cachoeirano Manuel Tranquilino Bastos (1850-1935), fundador em 1870 da filarmônica Euterpe Ceciliana, atual  Sociedade Orpheica Lira Ceciliana, compôs um dobrado para piano com o título "As Glórias da Cachoeira", em evoca  e homenageia o papel da cidade e de seus filhos na guerra que consolidou a Independência do Brasil. A música foi executada pela Euterpe na festa do 25 de Junho, data magna da cidade, que lembra o dia em que no ano de 1822, a Vila aclamou o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara como Defensor Perpetuo do Brasil e,  em represália,  foi bombardeada por uma barca canhoneira de Portugal, que estava ancorada no Rio Paraguaçu. Os cachoeiranos reagiram e tomaram a barca de assalto, iniciando ali a guerra para tornar o Brasil  independente. O passo seguinte foi a formação de um governo provisório, que aglutinou todas as vilas, para organizar a luta armada contra as tropas lusitanas que ainda dominavam Salvador. Após várias batalhas, a luta só terminou em 2 de Julho do ano seguinte quando o Exército Libertador conquistou Salvador, expulsando os portugueses.
Essa mesma epopeia foi lembrada por Tranquilino Bastos novamente cinquenta e cinco anos depois, quando em 1922, por ocasião do centenário do 25 de Junho compôs o Hino da Cachoeira.

A notícia da composição de As Glórias da Cachoeira foi veiculada no jornal A ORDEM, de Ramiro, Chagas. Era na época o principal jornal do interior da Bahia.

sábado, 5 de setembro de 2015

A IGREJA DO CARMO EM CACHOEIRA NAS PÁGINAS DA ANTIGA REVISTA "O CRUZEIRO" (1933)



Em 1933, por ocasião da realização na Bahia do 1º Congresso Eucarístico Nacional,  a revista carioca O CRUZEIRO publicou uma reportagem sobre a Igreja e o Convento do Carmo de Cachoeira. Nela está uma fotografia muito pouco conhecida, mostrando que o acesso a igreja era feito por uma escada dupla, bem diferente do modelo atual. 

A Igreja do Carmo (1933)
Na reportagem, o enviado especial da revista, Samuel da Cunha Couto, apresenta informações relativas a outra igreja do Carmo (em Salvador). Uma delas é que em 1808 o Rei Dom João VI ao chegar com toda a sua corte fugindo das tropas napoleônicas que invadiram Portugal costumava,  em sua breve passagem pela Bahia a caminho do Rio de Janeiro, frequentar o tempo, dispondo para isso de uma cadeira cativa, uma das muitas raridades conservada no acervo da Igreja do Carmo em Salvador.


Leiam a seguir a reportagem de O CRUZEIRO (edição de Setembro de 1933), que por problema de espaço, está dividida em trechos :