sábado, 19 de setembro de 2015

A FEIRA LIVRE DE CACHOEIRA, QUE IMPRESSIONOU O SOCIÓLOGO FRANCÊS ROGER BASTIDE

Esta foto foi enviada pela cachoeirana Edith Silva para a Revista "O CRUZEIRO" e publicada na edição de 19 de dezembro de 1931. A revista, que revolucionou a imprensa brasileira, tinha surgido em 1928 e entre as muitas novidades que introduziu na relação com seus leitores estava essa "interatividade" (vista aos olhos de hoje): estimulava que eles enviassem fotografias de paisagens e aspectos humanos de suas cidades. A foto mostra a Praça Dr. Milton, onde funcionava na época a feira livre livre de Cachoeira.
Olhando detidamente a foto, lembrei-me do sociólogo francês Roger Bastide (1898-1974), integrante da missão francesa de professores, vinda para implantar a Universidade de São Paulo (USP) e que ficou morando no Brasil por vinte anos, tendo se especializado em religiões afro-brasileiras, em especial o candomblé. Nos anos 50 ele veio à Bahia (e esteve em Cachoeira), visitando terreiros de candomblé, conhecendo seus ritos, fundamentos e conversou com pais-de-santo e mães-de-santo, além de adeptos dessa religião. Suas observações resultaram no livro "Candomblé da Bahia", um clássico no gênero, editado em 1958 (e que na edição brasileira teve prefácio de Fernando Henrique Cardoso). Nele, Bastide, reconhecido como uma das maiores autoridades mundiais em estudos religiosos de origem africana, afirma que a feira livre de Cachoeira e também a de outras cidades do Recôncavo lembravam-lhe a África, com a mesma paisagem humana.


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